Introdução: Pacientes em tratamento quimioterápico têm um risco aumentado de desenvolver complicações cardiovasculares, sendo a cardiotoxicidade uma delas. O risco torna-se ainda maior se houver um histórico conhecido de doença cardiovascular. Notadamente, uma ampla gama de agentes quimioterápicos estão associados a esse desfecho, para o qual as antraciclinas recebem um importante destaque. Nesse sentido, conhecer o perfil destes pacientes tornou-se importante para desenvolver estratégias de prevenção e, assim, melhorar o prognóstico e qualidade de vida desses indivíduos.
Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, observacional e descritivo, realizado entre Setembro de 2018 e Setembro de 2021, envolvendo 60 adultos, na primeira consulta em cardio-oncologia clínica de um hospital terciário.
Resultados: Entre a população analisada, houve uma maior prevalência de pacientes do sexo feminino (68.3%, n=41), de etnia branca (35%, n=21) e diagnosticados com câncer de mama (40%, n=24). A idade média foi 56 ± 15.5 anos e o risco de cardiotoxicidade foi classificado como “alto a multo alto” em sua maioria (71.6%, n=43). Durante a primeira consulta médica, 45 pacientes (75%) já haviam começado quimioterapia ou radioterapia e 38 (63.3%) já possuíam diagnóstico de IC, refletindo acometimento cardíaco prévio ou secundário à terapia contra o câncer.
Conclusão: O risco de cardiotoxicidade nesta população foi alto, bem como a prevalência de IC e o início de tratamento oncológico anteriormente à primeira avaliação cardiológica. O encaminhamento ao especialista em Cardio-oncologia permite uma estratificação precoce quanto ao risco de cardiotoxicidade e a adoção de medidas de cardioproteção quando indicadas. Finalmente, a interação entre oncologistas e cardiologistas permite uma melhor condução médica, reduzindo suspensões desnecessárias do tratamento oncológico, bem como possibilitando maior chance de cura e qualidade de vida aos pacientes.