Introdução: As doenças cardiovasculares tem grande importância na saúde pública do Brasil e do mundo. Apresentam altas taxas de incidência e mortalidade, logo, pacientes acometidos por tais agravos necessitam de acompanhamento clínico periódico, com a finalidade de prevenir desfechos desfavoráveis. Durante a pandemia de COVID-19, houve aumento significativo no número de internações e gravidade destes pacientes, evidenciando a necessidade de investigação sobre possíveis causas para este cenário.
Objetivo: Identificar o perfil biossocial e clínico de pacientes cardiopatas admitidos em terapia intensiva na vigência do decreto pandêmico por COVID-19.
Método: Pesquisa observacional, transversal, quantitativa com 61 pacientes cardiopatas internados na unidade de terapia intensiva de um hospital de ensino de Santo André, SP, Brasil. Para a coleta de dados utilizou-se questionários de caracterização biossocial e clínica. Procedeu-se à análise estatística descritiva através do programa estatístico Stata versão 14.0. Esta pesquisa foi submetida à análise ética e aprovada através do parecer número CAEE: 15182619.9.0000.0082.
Resultados: A amostra foi composta majoritariamente por homens (68,8%) com média de idade em 63 anos, baixa escolaridade (57,3%), sedentários (72,1%) e com importantes fatores de risco para doenças cardiovasculares com destaque para a hipertensão arterial sistêmica (85,2%). Destaca-se diminuição da procura por serviços de saúde durante a pandemia, seja para realização de exames preventivos (27,8%) ou tratamento médico após sintomas importantes, como precordialgia (14,7%). A literatura evidencia relatos de piora clínica e mortalidade em cardiopatas durante a pandemia, fato este que aponta a necessidade de políticas de educação em saúde para a referida população no tocante ao alerta sobre sinais de gravidade, agravamento da doença, bem como a importância do prosseguimento do tratamento mesmo em situações de exceção como no período pandêmico.
Conclusão: Indivíduos do sexo masculino, idosos, sedentários e com baixa escolaridade compuseram significativamente a amostra do presente estudo. Especificamente sobre a procura pelo serviço de saúde durante a pandemia, expressiva parcela informou ausência em exames de rotina e baixa procura por atendimento médico mesmo com sintomas importantes. Estes fatores, podem ter agravado a condição clínica dos pacientes pesquisados.