Introdução: O uso prolongado da terapia antirretroviral (TARV) em pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (PVIHV) favoreceu a modificações no padrão de funcionamento celular e a exposição aos fatores relacionados ao envelhecimento, passando a coexistir alterações pressóricas em PVHIV. Estudos demonstram que a prevalência de Hipertensão Arterial (HA) é maior em adultos infectados pelo vírus quando comparados aos não infectados, sendo considerado importante determinante da sobrevida em longo prazo nessa população. Nesse contexto, o estudo objetivou identificar alterações da pressão arterial (PA) em PVHIV durante 60 meses do início do tratamento. Métodos: estudo de coorte realizado por meio de prontuários de PVHIV acompanhadas em um serviço de atendimento especializado na região nordeste do Brasil. A coleta foi realizada de março a dezembro de 2021. Foram incluídos prontuários de PVHIV, ambos os sexos, maior de 18 anos, cadastrados no serviço e que tivessem iniciado o uso da TARV entre 01 de janeiro de 2014 a 30 de março de 2015, assim utilizou-se o registro de 60 meses do início da TARV. Foram excluídos prontuários de mulheres que engravidaram no período designado; ou que iniciaram a TARV ainda gestantes; indivíduos em situações de confinamento e/ou reclusos; prontuários com menos de três registros de PA; pacientes que foram transferidos para outros serviços e os que foram a óbito. Houve aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa. Utilizou-se instrumento semiestruturado, cujo original foi validado. Realizou-se teste McNemar e T de Student, com nível de significância de 95%. Resultados: Uma amostra não probabilística foi formada por 123 PVHIV em uso de TARV. Houve predomínio do sexo masculino (60,2%), pardos (69,9%) e faixa etária entre 40-49 anos (30,1%), seguida de 50-59 anos (29,3%). Quanto à escolaridade, 55,4% possuíam menos de oitos anos de estudo. As variações na PA foram encontradas ao longo dos 24 meses (2º ano) (p=0,025) e 48 meses (4º ano) (p=0,004). Também se identificou um aumento do uso de anti-hipertensivos e um elevado número de prontuários com ausência de registros da medida PA antes do início da terapia antirretroviral. Conclusão: Foi identificado alteração de PA em PVHIV a partir do segundo ano do uso da TARV, e nos meses subsequentes, sinalizando para o aumento da propensão a HA, bem como suas complicações. Considerando a complexidade das condições/doenças crônicas, a mudança dos hábitos de vida e identificação precoce de outros fatores de risco deve ser o foco das ações voltadas às PVHIV.