A maior disponibilidade de exames complementares (EC) pode ter distorcido a construção do raciocínio clínico diagnóstico baseada na propedêutica. Maior desvalorização ainda do exame físico (EF) pode ter ocorrido pela necessidade de consultas virtuais em tempos pandêmicos. Objetivos: avaliar a confiança diagnóstica (CD) e a interpretação/solicitação de EC entre grupos de estudantes de Medicina que realizaram ou não o EF. Métodos: estudantes de Medicina foram convidados a participar e receberam treinamento no uso de simulador de alta fidelidade de EF cardiovascular (Harvey®️; Gordon Center for Research in Medical Education, University of Miami, Miami, FL, USA). Os voluntários receberam vinhetas de 4 casos clínicos de doenças valvares (estenoses aórtica e mitral e insuficiências aórtica e mitral), e foram randomizados para a realização ou não do EF em 2 dos 4 casos em modelo OSCE. Os voluntários responderam a questionários acerca do diagnóstico e gravidade da valvopatia, do grau de CD e do numero de EC solicitariam. Sequencialmente, receberam um laudo simulado de EC (ecocardiograma) e responderam a perguntas acerca da CD após o EC. A CD foi mensurada utilizando-se a escala de Likert adaptada (1 a 6). Resultados foram expressos como variáveis contínuas, média e DP e comparados com teste t de Student. Resultados: foram avaliados 35 voluntários, expostos a 140 casos, a metade deles com EF (70). A qualidade do EF está demonstrada na FIg 1 como porcentagem de acertos frente aos sinais exibidos em simulador. A CD dos voluntários que realizaram EF no simulador foi 29,13% maior no grupo que pôde realizar o EF comparado ao que não pôde (Com EF= 5,03 vs sem EF= 3,68; p<0.01). Não houve diferença significativa quanto ao grau de CD após a leitura de EC (ECO) entre os grupos com ou sem EF (5,25 vs 5,03; p=0.18). Comparando-se a CD pré e pós leitura do EC (ECO), observa-se que os voluntários que não realizaram EF aumentaram em 36,61% o grau de CD após o ECO (pré ECO= 3,68 vs pós ECO= 5,03; p<0.01), versus um aumento de 10,37% nos que realizaram EF (4,75 vs 5,25; p<0.01). Não houve diferença significativa na quantidade de EC solicitados entre os grupos com ou sem EF (2,97 vs 2,83; p=0.23). Conclusões: m cenários de suspeitas de valvopatias, a realização do EF aumenta significativamente a CD do voluntário no diagnóstico clínico. No entanto, mesmo com a realização de um EF completo em simulador de alta fidelidade, o grau de CD dos estudantes ainda parece depender muito de EC. Ainda, o número de EC solicitados permanece independente da CD ou da realização do EF.