Introdução: Anomalias coronarianas são menos frequentes em relação às doenças coronarianas adquiridas, como a aterosclerose e têm sido implicadas como causa de eventos cardiovasculares. Sua descoberta muitas vezes é incidental, os pacientes geralmente são assintomáticos, mas quando sintomáticos os resultados podem ser graves. As origens anômalas das coronárias são entidades raras e podem ser encontradas em 0,3 a 5,6% da população, sendo a origem e trajeto proximal das artérias coronárias anômalas os principais fatores preditivos de gravidade. O tratamento pode ser realizado através da abordagem conservadora, percutânea ou cirúrgica, a depender de aspectos clínicos e imaginologicos. Objetivo: Relatar um caso que aborda o tratamento efetivo via percutânea de origem anômala de artéria coronária direita originada do seio coronariano esquerdo, com trajeto intra-arterial entre aorta e tronco da artéria pulmonar. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 65 anos, portador de cardiopatia chagásica com fração de ejeção levemente reduzida (FEVE 44%), apresentou episodio de morte súbita abortada durante evento emocional e após estabilização foi diagnosticado através do cateterismo cardíaco (Figura 1), e confirmado por angiotomografia de coronárias, a origem anômala da artéria coronária direita em seio de Valsalva esquerdo, com trajeto maligno entre aorta e tronco da artéria pulmonar (Figura 2). Após discussão com Heart Team, o paciente foi submetido a angioplastia percutânea com stent farmacológico 4x32mm com sucesso (Figura 3). Conclusão: Este relato de caso e estudos recentes tem demonstrado que o tratamento percutâneo de anomalias coronarianas é uma opção segura para pacientes selecionados, levando em consideração quadro clínico, estudo anatômico e capacitação da equipe de hemodinâmica.
Figura 1 Angiografia coronária mostrando artéria coronária direita dominante com origem anômala próxima ao tronco da coronária esquerda no seio de valsava esquerdo. TCE: tronco da coronária esquerda; CD: artéria coronária direita.
Figura 2: Imagem de angiotomografia evidenciando artéria coronária direita (CD) com trajeto maligno entre a aorta (AO) e tronco da artéria pulmonar (TP) durante a sístole pré-intervenção com Stent.
Figura 3: Angiografia coronária mostrando sequência de intervenção percutânea. A - Cateterizarão de ACD e passagem de corda guia. B- Posicionamento de Stent farmacológico no óstio da CD. C - Inserção de Stent farmacológico no terço proximal da CD. D - Resultado angiográfico pós-intervenção.
