Introdução: A desospitalização é uma estratégia que deve ser realizada de forma responsável, segura, humanizada e com atuação multidisciplinar. Ao paciente apresentar estabilidade clínica e seu único impeditivo para a alta hospitalar é a continuidade do tratamento com antimicrobiano intravenoso (IV), sem alternativa terapêutica, a equipe multiprofissional organiza a desospitalização. A equipe médica em conjunto com a Unidade de Controle de Infecção Hospitalar definem o esquema terapêutico, o farmacêutico clínico verifica a disponibilidade de estoque para a dispensação ambulatorial e a assistente social verifica o serviço de saúde próximo à residência do paciente para administração do medicamento. Ao ser definido o local de administração, a equipe da saúde recebe orientações da equipe de enfermagem sobre os cuidados com o acesso venoso e do farmacêutico clínico de como preparar e administrar o medicamento, o qual também realiza a conciliação medicamentosa e a orientação farmacêutica de alta hospitalar para o paciente e cuidador. Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento dos dias de internação poupados por meio do processo sistematizado de desospitalização de pacientes em uso de antibioticoterapia IV. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional, realizado em Hospital Terciário especializado em Cardiopneumologia em São Paulo, no período de janeiro a dezembro de 2022. Os resultados foram coletados a partir dos indicadores registrados em planilha eletrônica da área de Assistência Farmacêutica Clínica. Resultados: Foram realizadas a desospitalização de 59 pacientes com a necessidade de continuidade da antibioticoterapia IV e os antimicrobianos prescritos, foram: Teicoplanina 38 (64,4%), Ceftriaxona 11 (18,7%), Daptomicina 6 (10,2%), Vancomicina 3 (5,1%), Ceftazidima 2 (3,4%), Ceftazidima + Avibactam 2 (3,4%), Ertapenem 2 (3,4%), Meropenem 1 (1,7%), Gentamicina 1 (1,7%). Sete pacientes tiveram alta com mais de um medicamento, o que justifica a percentual total maior que 100%. A média mensal de 2022 de permanência dos pacientes no hospital de estudo foi de 11,7 dias e considerando que a soma de dias de tratamento ambulatorial dos pacientes contabilizou 2.251 dias, poupando esse tempo de internação, foi possível a convocação de 192 novos pacientes. Conclusão: A atuação da equipe multidisciplinar proporcionou a desospitalização precoce do paciente, gerou uma continuidade ao tratamento de forma segura e humanizada, bem como a possibilidade de liberação de vagas para a internação de novos pacientes.
