Estado hiperglicêmico como preditor de desfecho desfavorável em pacientes hospitalizados por insuficiência cardíaca
Introdução: Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) é uma síndrome grave e complexa e com aumento substancial do risco de mortalidade a cada internação por descompensação. É de extrema importância, portanto, conhecer marcadores durante a admissão hospitalar que possam se associar a maior gravidade durante a hospitalização desses pacientes. Objetivo: avaliar marcadores clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos associados a desfecho desfavorável (óbito, necessidade de terapia intensiva (UTI) ou revascularização de emergência) durantea internação por ICFER. Métodos: Estudo prospectivo longitudinal de pacientes consecutivos internados na enfermaria de clínica médica de um hospital universitário por agudização da IC no período de junho de 2019 a dezembro de 2022. Os pacientes foram submetidos, no primeiro dia de admissão, à avaliação clínica e exame físico para detecção de sinais de IC, exames laboratoriais e ecocardiograma transtorácico. Foram acompanhados até a alta hospitalar ou óbito, quanto à presença de desfechos desfavoráveis: óbito, necessidade de UTI ou revascularização (angioplastia ou cirurgia cardíaca de emergência). Resultados: Foram incluídos 50 pacientes consecutivos com o diagnóstico de ICFER, sendo que 10 evoluíram com desfecho desfavorável (2 óbitos, 1 necessidade de revascularização de urgência e 5 de UTI). Os principais fatores associados a desfechos desfavorável foram: estado hiperglicêmico (p=0,015), e sinais de congestão venosa sistêmica: derrame pleural (p=0,034), hepatomegalia (p=<0,001), estase jugular (p=0,013). A curva operacional padrão mostrou que valores de glicemia ³143 mg/dl têm A / C de 0,75 (IC 95%: 0,54 - 0,96; p = 0,04), sensibilidade de 71% e especificidade de 74% para detecção de desfecho. Também houve diferença significativa das curvas de Kaplan Meier considerando o valor de corte da glicemia para valores ³143mg/dL ou inferiores a 143mg/dL para os desfechos desfavoráveis, durante os dias de internação. (Log-Rank, p = 0,03). Conclusão: Hiperglicemia e sinais de congestão sistêmica durante a internação foram associados a maior gravidade durante a hospitalização por ICFER. A glicemia na admissão teve boa acurácia na detecção de desfechos desfavoráveis nesses pacientes.