Na COVID-19 os pacientes internados precisaram de ventilação mecânica invasiva em cerca de 20% dos casos. O desmame foi difícil e a traqueostomia (TQT) pode reduzir o tempo de ventilação e de internação.
Objetivo: Descrever o uso da traqueostomia na retirada do suporte ventilatório invasivo em uma coorte brasileira para observar o tempo de ventilação mecânica e de internação pós COVID-19.
Método: Coorte retrospectiva com 40 pacientes traqueostomizados em hospital público da cidade de São Paulo que evoluíram com insuficiência respiratória pós COVID-19. Foram incluídos pacientes internados sob ventilação mecânica, idade ≥18 anos, ambos os sexos, sendo excluídos, os com histórico de doença neurológica, TQT prévia ou de urgência. Houve análise descritiva á partir da frequência, média e desvio padrão para medida da gravidade dos participantes, taxa de acometimento pulmonar, presença de comorbidade, tempo de sintoma da COVID, ventilação mecânica e internação, com análise da taxa de sucesso da decanulação e taxa de óbito.
Resultados: A coorte de pacientes foi acompanhada entre janeiro a outubro de 2021. A amostra apresentou média de idade de 54,58±15,50anos, 65% eram homens com acometimento pulmonar (tomografia) de 58,38±18,48%, IMC 29,88±5,56 kg/cm2. A gravidade medida pelo SAPS II foi de 45,40±17,59%. Na amostra 20% não tinham antecedentes, 55% apresentavam doenças cardiovasculares com índice de comorbidade de 2,2±1,76. O tempo de sintomas da COVID-19 foi de 9,98±5,37 dias, com internação até a intubação de 5,08±4,07 dias. O tempo de uso da ventilação mecânica foi de 40,00±17,68 dias, e a internação total foi de 54,05±28,99 dias, com 34,04±19,24 dias para decanulação. Todos os participantes tiveram alta sem a presença da cânula ou complicações vinculadas ao procedimento. Na amostra, 60% fizeram uso de cateter de alto fluxo e 90% utilizaram a ventilação não invasiva, e 42% foram a óbito.
Conclusão: A traqueostomia apresenta associação com o sucesso do desmame ventilatório de pacientes com COVID-19 classificados como de alta gravidade com taxa de óbito de 42% ao longo da internação.