Introdução: Síndrome de Brugada (SBr) faz parte do diagnóstico diferencial de síncope e morte súbita em indivíduos sem cardiopatia. Esta patologia, autossômica dominante, consiste em alterações eletrocardiográficas específicas, como bloqueio de ramo direito (BRD) e elevação do segmento ST nas derivações precordiais direitas (V1 a V3), e cursam com taquicardia ventricular (TV) polimórfica e/ou fibrilação ventricular como causa da morte súbita.
Relato de Caso: Paciente masculino, 31 anos, sem comorbidades ou sintomatologia prévias e quadro de taquicardia mal tolerada, com diagnóstico ao eletrocardiograma de TV monomórfica, revertida na emergência de outro serviço sem necessidade de cardioversão. Em eletrocardiograma prévio apresentava BRD e elevação de segmento ST de V1- V3, sugestivo de SBr Tipo 1. Encaminhado a serviço terciário de referência, sendo realizado estudo eletrofisiológico (EEF) no qual foi induzido e confirmado a TV monomórfica clinica com padrão BRD, eixo desviado para cima, mal tolerada e revertida com cardioversão. Sem histórico pessoal ou familiar de morte súbita. Realizado EEF que induziu episódio de taquicardia ventricular monomórfica sustentada com padrão de. Exames complementares, como ecocardiograma e ressonância cardíaca sem alterações estruturais. Optado por implante de cardiodesfibrilador implantável e posterior seguimento ambulatorial aguardando mapeamento genético para confirmação.
Conclusão: Este caso ilustra a rara associação de TV monomórfica mal tolerada em coração estruturalmente normal e eletrocardiograma típico de Síndrome de Brugada tipo 1 e alerta para a necessidade de se suspeitar de SBr mesmo na presença de TV monomórfica quando em pacientes com coração estruturalmente normal. O implante de cardiodesfibrilador implantável configura uma medida profilática nesses casos.
Imagem 1: Registro eletrocardiografico do episódio de TV monomórfica em derivações periféricas
Imagem 2: Registro eletrocardiográfico padrão Síndrome de Brugada Tipo1 em derivações precordiais