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Avaliação crítica do manejo da angina instável em pronto-socorro terciário de cardiologia

Mateus Prata, Louis Ohe, Kelvin Vilalva, Lucas Lemos, Paola Smanio
INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA - - SP - BRASIL

 Introdução:
O manejo da angina instável gera dúvidas pela sua subjetividade diagnóstica e pouca representação nos grandes ensaios clínicos randomizados. As diretrizes recentes orientam a estratégia invasiva direta (cateterismo cardíaco) apenas para pacientes estratificados como alto risco, porém a prevalência de indivíduos de alto risco nessa população é muito baixa. Dessa maneira, o estudo exclusivo da angina instável em um pronto-socorro da rede pública de saúde, com laboratório de hemodinâmica de fácil acesso, pode contribuir para o entendimento da doença e otimizar fluxo nas instituições conforme a realidade brasileira. 

Métodos:Coorte retrospectiva, que incluiu pacientes com diagnóstico de angina instável em um período de 20 meses consecutivos. O objetivo primário foi a análise de fatores associados à indicação de estratificação invasiva ou não nos pacientes, sendo divididos em estratificação invasiva (cinecoronariografia) e não invasiva (cintilografia de perfusão do miocárdio ou angiotomografia de coronárias). O objetivo secundário foi avaliar os fatores associados à presença de doença coronariana (DAC) obstrutiva ou presença de isquemia, conforme resultados dos exames utilizados na estratificação.

Análise estatística:A comparação entre os grupos foi realizada através do teste Qui-Quadrado ou de Mann-Whitney. As variáveis também foram avaliadas através de Regressão Logística Múltipla com critério de seleção stepwise. O nível de significância considerado nas análises foi de 5%.

Resultados:
729 pacientes foram incluídos na amostra, com idade média de 62,9 anos e predomínio do sexo masculino (64,6%). Estiveram associados à estratificação invasiva na análise univariada: tabagismo (p = 0,001); tipo de dor torácica (p < 0,001); dor “em crescendo” (p = 0,006); escore TIMI (p = 0,006); escore HEART (p = 0,011). Na análise multivariada, tabagistas, ex-tabagistas e dor torácica tipo A tiveram associados de forma independente (OR 2.23; 2.19 e 3.39, respectivamente). Estiveram associados à DAC obstrutiva ou isquemia na análise univariada: sexo masculino (p = 0,032); dor desencadeada por esforço (p = 0,037); Diamond-Forrester (p = 0,026); escore TIMI (p = 0,001). Na análise multivariada: dor torácica e presença de DAC prévia estiveram associadas de maneira independente.

Conclusão: O tipo de dor torácica parece auxiliar não apenas no diagnóstico de angina instável, mas também na decisão quanto ao método de estratificação. Os achados sugerem a inclusão da característica da dor, atrelada aos escores, para a definição de conduta nesses pacientes.

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