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Miocárdio não compactado: um relato de caso não diagnosticado por ecocardiografia

Rayanne Kalinne Neves Dantas, Luiza Cavalero Nosse, Lucas Eduardo Garcia Nogueira de Barros, Ana Carolina Marliere Beolchi, Dieison Pedro Tomaz da Silva, Elzo Thiago Brito Mattar
FACULDADE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – FAMERP - - SP - BRASIL

Introdução: A miocardiopatia não compactada (MNC) é uma doença rara, com incidência de 0,014 a 1,3% na população geral, caracterizado pela falta de compactação miocárdica com a formação de trabéculas no ventrículo esquerdo (VE). Pode ocorrer isoladamente ou associada a outras cardiopatias congênitas. Sua etiologia ainda não está bem definida, porém diferentes mutações genéticas têm sido associadas à sua ocorrência. As manifestações clínicas incluem insuficiência cardíaca, arritmias e eventos tromboembólicos, contudo, alguns pacientes podem permanecer assintomáticos. O presente estudo descreve o caso de um paciente com diagnostico de MNC em segmento com equipe da cardiologia de um hospital quaternário.

Relato do caso: Homem, 46 anos, previamente hipertenso e obeso, sem outras comorbidades relatadas, passou a apresentar dispneia rapidamente progressiva aos esforços, edema de membros inferiores (MMII) e aumento do volume abdominal, alguns dias após colecistectomia eletiva. Necessitou de internação hospitalar ao evoluir com ortopneia, dispneia paroxística noturna e ao repouso. Exame físico: turgência jugular, refluxo hepatojugular, creptações pulmonares bibasais, edema de MMII. Radiografia de tórax evidenciando cardiomegalia e aumento de câmaras direitas; eletrocardiograma com ritmo de fibrilação atrial, sobrecarga atrial esquerda e biventricular; BNP 3870. Ecocardiograma: Discreta dilatação do VE com importante disfunção contrátil (FE: 27%), hipocinesia difusa do ventrículo direito (VD) comprometida, aumento de átrio esquerdo (volume 120ml), hipertensão pulmonar (PSVD 37mmHg), insuficiência mitral e tricúspide moderadas. Durante investigação etiológica, Chagas negativo, Cateterismo cardíaco sem lesões obstrutivas e exames de função tireoideana, hepática e renal normais. Solicitada ressonância magnética para melhor elucidação do caso, que evidenciou: Aumento biatrial, disfunção biventricular (FEVD 11%, FEVE 12%) e aumento das trabeculações no VE, com relação miocárdio não compactado / compactado > 2,3 (Critérios de Petersen).

Conclusão: Frequentemente, o MNC apresenta atraso no diagnóstico, pois pode não ser visualizado pelo ecocardiograma, e nem sempre a ressonância magnética é realizada, devido a sua limitação de disponibilidade e alto custo. Cabe aos profissionais de saúde atentar aos sintomas de insuficiência cardíaca relatados pelos pacientes para realizarem o manejo mais seguro, visto que, neste caso, uma sobrecarga volêmica relacionada ao procedimento cirúrgico pode ter sido o fator deflagrador da sua descompensação.

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