Introdução: A obesidade e as doenças cardiovasculares são doenças inflamatórias crônicas de baixa intensidade caracterizadas pelo recrutamento e ativação de células do sistema imune inato como macrófagos no tecido adiposo e placas ateroscleróticas, respectivamente. Nos macrófagos, os peroxissomos tem papel importante na beta oxidação de ácidos graxos de cadeia longa, na síntese de mediadores lipídicos, produção de peróxido de hidrogênio e determinação do estado redox, influenciando o processo inflamatório tecidual. Objetivos: Investigar o envolvimento dos peroxissomos de macrófagos no desenvolvimento da obesidade, intolerância à glicose, resistência à insulina e inflamação do tecido adiposo induzidos pela ingestão de dieta hiperlipídica. Métodos: Camundongos com deficiência de peroxina 5, uma proteína que atua no transporte de proteínas para o interior dos peroxissomos, e seus irmãos controles foram alimentados com dieta padrão nuvilab ou dieta hiperlipídica (HFD) por 12 semanas, e avaliados para o peso corporal, ingestão alimentar, composição corporal, metabólitos séricos, homeostase da glicose, diâmetro de adipócitos, atividade enzimática de catalase, respiração tecidual por Oroboros e conteúdo tecidual de proteínas inflamatórias e citocinas por Western Blot e ELISA. Utilizou-se o software Graphpad Prism 9.1 utilizando o teste Two-Way ANOVA e pós teste de Tukey. Os resultados são representados como média e erro padrão da média considerando diferença estatística quando para p<0.05. Resultados: Não houve diferença significativa entre genótipos no peso final, ganho de peso, delta de ganho de peso, ingestão alimentar, composição corporal, massa adiposa, massa magra e área média de adipócitos. Todavia, observou-se menor conteúdo sérico de glicose, triacilglicerol e glicerol, consumo de oxigênio e conteúdo proteico dos complexos mitocondriais da fosforilação oxidativa no tecido adiposo epididimal e maior sensibilidade à insulina e tolerância à glicose nos camundongos com deficiência de peroxina 5 em macrófagos alimentados com HFD quando comparados aos controles na mesma dieta. Observamos também no tecido adiposo epididimal e inguinal destes camundongos, menor conteúdo de STAT3 total e fosforilada, IKKb, pró-caspase e caspase 1 clivada, Myd88 e NFkB, e das citocinas TNF-alfa, IL-6, IL-1beta, bem como maior atividade da catalase e conteúdo de IL-10. Conclusão: Peroxissomos de macrófagos parecem participar ativamente no desenvolvimento da inflamação de baixo grau e resistência à insulina induzidas pela ingestão de dieta hiperlipídica em camundongos.