Introdução: As doenças cardiovasculares representam a principal causa de óbito no mundo e são importante causa de morbidade. Já é conhecido que há forte associação destas doenças, principalmente o infarto agudo do miocárdio (IAM), com o desenvolvimento ou acentuação de distúrbios psiquiátricos, mais frequentemente os transtornos de humor, que tem implicação no desfecho desfavorável e na possibilidade de recidiva do evento isquêmico. Como os transtornos de humor, principalmente ansiedade e depressão, são muito frequentes na população geral, foi feito um estudo com objetivo de identificar a prevalência de sintomas de depressão e ansiedade em pacientes com IAM atendidos em hospital terciário e identificar se há alguma característica de maior risco para sua ocorrência nesta população.
Métodos: Foram aplicados os questionários Patient Health Questionnaire (PHQ-9) e Hospital Anxiety and Depression Scale Depression e Anxiety (HADS D e A) de forma consecutiva entre os junho e novembro de 2022. Os pacientes incluídos foram os com diagnóstico de IAM, internados em enfermaria, e que concordaram em participar da pesquisa. Para a escala PHQ-9, os pacientes foram categorizados como tendo algum distúrbio do humor quando a pontuação era maior ou igual a 5 pontos. Nas escalas HADS A e D, tinham algum disturbio de ansiedade quando a pontuação era maior ou igual a 8 pontos e de depressão quando maior ou igual a 9.
Resultados: Foram incluídos na análise 50 pacientes, com idade média de 64,7 anos e 60% do sexo masculino. No geral, a prevalência para distúrbio do humor pela PHQ-9 foi de 60%, pela escala HADS A de 34% e pela HADS D de 18%. Apesar de a maioria serem homens, as mulheres tinham maior prevalência de algum grau de transtorno de humor (56% das mulheres x 44% dos homens), pela pontuação da escala PHQ-9 (10,1 x 5,8 pontos; p = 0,002).Os demais subgrupos avaliados (estado civil, escolaridade, situação empregatícia, se economicamente ativo, hipertensão, diabetes, IAM prévio, tabagismo e etilismo) não tiveram diferença.
Conclusão: Neste estudo encontramos prevalência alta de sintomas de depressão e ansiedade, de forma mais importante no sexo feminino, o que reforça a necessidade de rastreio de altrações do humor na população com IAM. Assim, poderemos atuar com a intenção de diminuir o impacto dos distúrbios de humor na morbidade e mortalidade destes pacientes.