Introdução: Devido a elevada complexidade do transplante cardíaco (TxC), o período pós-operatório pode apresentar diferentes complicações como a Disfunção Primária do Enxerto (DPE), Doença Vascular do Enxerto (DVE) e a rejeição do enxerto. Assim, este estudo teve como objetivo caracterizar as complicações do período pós TxC, além de avaliar sua associação com as características sociodemográficas e clínicas. Método: Pesquisa quantitativa e retrospectiva baseada na análise de prontuários de pacientes que realizaram o TxC no período de 1998 a 2020 em um hospital do interior do estado de São Paulo. A amostra foi composta por 91 pacientes transplantados cardíacos com idade superior a 18 anos. Os dados foram coletados do prontuário hospitalar por meio do Instrumento de Caracterização Sociodemográfica e Clínica. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética local (CAAE: 53026321.4.0000.5404). Resultados: Constatou-se predomínio do sexo masculino (67,03%), com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (49,45%), diabetes (16,48%), dislipidemia (18,68%) e tabagismo (38,46%). O número de óbitos após o TxC foi de 53 pacientes (58,24%), com média 23,66 meses (6,0) de vida. A quantidade de rejeições leves foi superior às moderadas e graves, sendo estas últimas encontradas somente nos dois primeiros anos pós TxC. A principal complicação foi a rejeição aguda celular (73,63%), seguida das infecções (61,54%) e disfunção renal (27,47%). Houve associações positivas de forte magnitude entre a rejeição celular aguda e o número de óbitos e a necessidade de hemodiálise; e de moderada magnitude entre a rejeição celular aguda e o tabagismo, a disfunção diastólica, a infecção e a priorização do paciente em fila de espera pelo órgão. Conclusão: Este estudo demonstrou que a exemplo do que já está posto pela literatura, é elevada a presença de rejeição aguda celular, infecções e disfunção renal após o TxC e que o surgimento de outras comorbidades após cirurgia podem estar associadas ao desenvolvimento deste tipo de rejeição e consequente piora na qualidade de vida e aumento da mortalidade.