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Tratamento com metotrexato associado a nanopartículas lipídicas previne o desenvolvimento da fibrose de ventrículo esquerdo em modelo de ratos espontaneamente hipertensos

Silva AO, Guido MC, Costa MT, Carvalho PO, Freitas FR, AAS, Kalil Filho R, Irigoyen MC, Maranhão RC
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: Metotrexato (MTX) associado a nanopartículas lipídicas (LDE) aumenta a captação celular do MTX, o que aumenta a eficácia terapêutica e diminui a toxicidade da droga. LDEMTX teve efeito anti-inflamatório e antiproliferativo em coelhos com aterosclerose e artrite reumatóide. Ratos com infarto agudo do miocárdio, LDEMTX teve ação anti-inflamatória, reduziu a fibrose do ventrículo esquerdo (VE) e preveniu a disfunção ventricular. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode levar a fibrose no VE e disfunção ventricular, o que nos levou a testar LDEMTX em ratos espontaneamente hipertensos (SHR). 

Objetivo: Investigar se a LDEMTX pode prevenir o surgimento de alterações cardíacas da HAS em SHR. 

Métodos: Ratos machos com 6 semanas foram estudados em 3 grupos (n=8): Controle (CT): ratos Wistar-Kyoto foram injetados solução salina; SHR: SHR tratados apenas com LDE e SHR-LDEMTX: SHR tratados com LDEMTX (1mg/Kg/semana, I.P.). Após 20 semanas de tratamento foi realizada ecocardiografia, morfometria e expressão proteica no VE. 

Resultados: Comparado a CT, os grupos SHR apresentaram dilatação (aumento do diâmetro sistólico e diastólico); hipertrofia (aumento da espessura da parede posterior) e disfunção sistólica do VE (diminuição da fração de ejeção e de encurtamento). Ademais, o grupo SHR mostrou aumento de fibrose do VE tanto na região intersticial quanto no músculo papilar, possivelmente resultante do aumento de colágeno tipo I. A LDEMTX não teve efeito sobre a dilatação, hipertrofia ou sobre a disfunção sistólica do VE em SHR. No entanto, a LDEMTX diminuiu a fibrose intersticial e do músculo papilar do VE. Na busca de possíveis mecanismos pelos quais o tratamento com LDEMTX reduziu fibrose do VE, verificamos que LDEMTX aumentou a expressão de MMP-2. Além disso, o tratamento com LDEMTX possivelmente aumentou a biodisponibilidade de adenosina intracelular, via maior expressão do receptor A3 de adenosina. Houve correlação negativa entre a expressão do receptor A3 de adenosina com a fibrose intersticial (r2=-0,31; p=0,03) e do músculo papilar (r2=-0,47 p=0,03), sugerindo que o aumento da biodisponibilidade de adenosina intracelular também contribuiu para diminuição da fibrose do VE.

Conclusão: Em SHR, LDEMTX foi capaz de reduzir a fibrose do VE, possivelmente pela modulação da expressão de MMP-2 e aumento da biodisponibilidade da adenosina intracelular, via receptor A3 de adenosina. Esses resultados sugerem papel terapêutico da LDEMTX em pacientes com fibrose de VE e insuficiência cardíaca causada por HAS, a ser explorado em futuros estudos clínico.

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