Introdução: Metotrexato (MTX) associado a nanopartículas lipídicas (LDE) aumenta a captação celular do MTX, o que aumenta a eficácia terapêutica e diminui a toxicidade da droga. LDEMTX teve efeito anti-inflamatório e antiproliferativo em coelhos com aterosclerose e artrite reumatóide. Ratos com infarto agudo do miocárdio, LDEMTX teve ação anti-inflamatória, reduziu a fibrose do ventrículo esquerdo (VE) e preveniu a disfunção ventricular. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode levar a fibrose no VE e disfunção ventricular, o que nos levou a testar LDEMTX em ratos espontaneamente hipertensos (SHR).
Objetivo: Investigar se a LDEMTX pode prevenir o surgimento de alterações cardíacas da HAS em SHR.
Métodos: Ratos machos com 6 semanas foram estudados em 3 grupos (n=8): Controle (CT): ratos Wistar-Kyoto foram injetados solução salina; SHR: SHR tratados apenas com LDE e SHR-LDEMTX: SHR tratados com LDEMTX (1mg/Kg/semana, I.P.). Após 20 semanas de tratamento foi realizada ecocardiografia, morfometria e expressão proteica no VE.
Resultados: Comparado a CT, os grupos SHR apresentaram dilatação (aumento do diâmetro sistólico e diastólico); hipertrofia (aumento da espessura da parede posterior) e disfunção sistólica do VE (diminuição da fração de ejeção e de encurtamento). Ademais, o grupo SHR mostrou aumento de fibrose do VE tanto na região intersticial quanto no músculo papilar, possivelmente resultante do aumento de colágeno tipo I. A LDEMTX não teve efeito sobre a dilatação, hipertrofia ou sobre a disfunção sistólica do VE em SHR. No entanto, a LDEMTX diminuiu a fibrose intersticial e do músculo papilar do VE. Na busca de possíveis mecanismos pelos quais o tratamento com LDEMTX reduziu fibrose do VE, verificamos que LDEMTX aumentou a expressão de MMP-2. Além disso, o tratamento com LDEMTX possivelmente aumentou a biodisponibilidade de adenosina intracelular, via maior expressão do receptor A3 de adenosina. Houve correlação negativa entre a expressão do receptor A3 de adenosina com a fibrose intersticial (r2=-0,31; p=0,03) e do músculo papilar (r2=-0,47 p=0,03), sugerindo que o aumento da biodisponibilidade de adenosina intracelular também contribuiu para diminuição da fibrose do VE.
Conclusão: Em SHR, LDEMTX foi capaz de reduzir a fibrose do VE, possivelmente pela modulação da expressão de MMP-2 e aumento da biodisponibilidade da adenosina intracelular, via receptor A3 de adenosina. Esses resultados sugerem papel terapêutico da LDEMTX em pacientes com fibrose de VE e insuficiência cardíaca causada por HAS, a ser explorado em futuros estudos clínico.