O tumor de testículo corresponde a 5% dos casos de câncer e apresenta baixo índice de mortalidade quando detectado precocemente. A disponibilidade de terapias efetivas facilitam o manejo da doença elevando as chances de cura até 95%. Nosso objetivo é relatar o caso clínico de um paciente com câncer de testículo, que recebeu o esquema VIP (Etoposídeo, mesna, ifosfamida e cisplatina), evoluindo com insuficiência cardíaca aguda após a primeira sessão de quimioterapia. Paciente, 33 anos, com diagnóstico de tumor de células germinativas misto (carcinoma embrionário 70%, saco vitelínico 20% e seminoma 10%) esquerdo, pT2 cN3 M1a S3,ECOG 1, Karnofsky 80. Submetido à Orquiectomia radical e após 30 dias iniciou quimioterapia com esquema VIP. Internou devido abdome agudo obstrutivo, sendo submetido à laparotomia, evoluindo no pós operatório com dispneia. Ao exame físico em Regular estado geral, 1+4+ descorado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril, eupneico, com ritmo cardíaco regular sem sopros audíveis, murmúrios ventriculares presentes com estertores crepitantes difusos bilaterais, abdome distendido e doloroso à palpação, com 3+/4+ edema de membros inferiores. Realizado Ecocardiograma Transtorácico (ECOTT) com Fração de Ejeção do Ventrículo esquerdo (FEVE) 24%, hipocinesia difusa, derrame pericárdico discreto (tabela 1). Exames laboratoriais com BNP 3820, Troponina 42 (valor referência 5), sem curva. Eletrocardiograma sem alterações. Angiotomografia de tórax negativa para Tromboembolismo pulmonar. Sendo mantido em Unidade de Terapia Intensiva e prescrito betabloqueador, IECA e diurético. Após 2 semanas apresentou melhora do quadro clínico, sendo realizado novo ECOTT, que mostrou FEVE 58%, sem alteração segmentar. (tabela 1). Considerando o diagnóstico de cardiotoxicidade ao quimioterápico realizado pela confirmação de alteração cardiovascular nova, tendo sido excluídas outras etiologias, sendo o esquema quimioterápico VIP a primeira linha de tratamento para tumor de células germinativas misto e dentre os seus componentes, a ifosfamida está relacionada à disfunção ventricular em até 20% dos casos, sendo a cardiotoxicidade relacionada à ifosfamida geralmente aguda e irreversível; apresentamos um caso clínico que após a primeira sessão de quimioterapia com VIP evoluiu com insuficiência cardíaca aguda com queda de FEVE ≥ 10% para um valor abaixo do limite inferior da normalidade (FEVE < 50%), porém apresentou reversão do quadro clínico e normalização do exame de imagem.
