SOCESP

Tema Livre

TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Ocorrência de arritmias durante apneia estática em mergulho recreativo

Esther Botelho, Marco Antonio Lopes Braga, Beatriz Vieira Roca, Juliana Alzira Gonzales Oliveira Leguizamon, Karila Scarduelli Luciano
HOSPITAL REGIONAL HANS DIETER SCHMIDT - JOINVILLE - SC - BRASIL

INTRODUÇÃO: Bradicardia e redirecionamento do fluxo sanguíneo para órgãos centrais são as principais adaptações fisiológicas durante o mergulho ("diving response"). Entretanto, a ocorrência de hipóxia, aliado a fatores constitucionais e a estímulos contraditórios entre o sistema nervoso simpático e parassimpático participam da gênese de arritmias. É frequente a ocorrência de extrassístoles atriais (EA) e ventriculares (EV), nem sempre identificadas em eletrocardiograma (ECG) de repouso.

RELATO: Masculino, 39 anos, relata início súbito de palpitações frequentes sem outras queixas. Sete dias antes havia iniciado prática recreativa de mergulho e apneia intermitente, que totalizavam apenas cerca de 10 minutos diários na última semana. Previamente hígido e sem vícios. ECG com taquicardia sinusal, EV isoladas com padrão de bloqueio de ramo esquerdo e eixo inferior. Holter 24h com 15% de densidade de EV. Ecocardiograma e ressonância cardíaca sem alterações. Iniciado propafenona 900mg/dia e metoprolol 50mg/dia e orientado a abandonar mergulho e apneia. Melhora progressiva após 1 semana das medidas instituídas com possibilidade de redução das medicações e suspensão total após 30 dias do início do tratamento. Holter de acompanhamento sem EV.

CONCLUSÕES: A prática esportiva de mergulho configura uma atividade física intensa que requer preparação e avaliação médica prévia. A ocorrência de extrassístoles é frequentemente assintomática, porém podem progredir para arritmias mais complexas, impondo um risco à vida especialmente enquanto submerso. Além disso, incidem mais próximo ao fim da apneia quando a bradicardia e a hipóxia alcançam níveis mais significativos. Quanto melhor a preparação física, menor é a variabilidade da frequência cardíaca durante a prática, e consequente menor o risco de arritmias. No caso relatado, o paciente não possuía treinamento prévio, o que favoreceu a ocorrência das EV. Porém, foi interessante notar o desenvolvimento de EV sintomáticas mesmo em apneia estática, com pequena profundidade e sem a presença de hipotermia, que são fatores agravantes conhecidos. Embora se tratassem de EV isoladas, estas foram sintomáticas – algo incomum ao descrito na literatura – e persistiram por cerca de uma semana mesmo com o uso de medicações e na ausência de cardiopatia estrutural. Isso sugere que não é preciso condições extremas de exercício ou de saúde para desencadear arritmias potencialmente graves.

Realização e Secretaria Executiva

SOCESP

Parceria

Innovation Play

Organização Científica

SD Eventos

Agência Web

Inteligência Web
SOCESP

43º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

08 a 10 de junho de 2023