INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca (IC) é um problema de saúde pública mundial. No Brasil, estima-se mais de 6,4 milhões de pessoas com a doença. Apesar da terapia farmacológica avançada, a IC ainda compromete a qualidade de vida de milhares de pacientes devido à limitação funcional. A reabilitação cardiopulmonar (RCP) é uma estratégia terapêutica capaz de melhorar a capacidade funcional, a qualidade de vida e o prognóstico dos pacientes com IC. OBJETIVO: Descrever desfechos funcionais associados a um programa de RCP em pacientes com IC, utilizando o teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) como ferramenta de prescrição do exercício e de avaliação da RCP. MÉTODO: Estudo de série de casos (n=4) em pacientes com IC, submetidos à RCP em hospital terciário durante três meses. Foi realizado o TC6M na admissão e utilizado para prescrição do treino, baseado na frequência cardíaca máxima atingida. No primeiro mês, realizou-se sessões de 30 minutos de exercício aeróbico moderado em cicloergômetro, além de treino resistido. No segundo e terceiro mês, foi realizado treinamento aeróbico intervalado de alta intensidade e mantido treinamento resistido. A cada sessão foram aferidos os sinais vitais e a percepção subjetiva do esforço. Foram aferidos na admissão e no final do terceiro mês as seguintes variáveis funcionais: distância percorrida no TC6M, escore de capacidade funcional específico para doença cardiovascular (Duke Activity Status Index–DASI), questionário de dor muscular, mensuração da força com dinamometria manual e circunferência da panturrilha. RESULTADOS: Foram acompanhados 4 pacientes, com média de idade de 60 ± 12,9 anos, sendo 3 do sexo masculino e 1 do sexo feminino. Observou-se aumento da distância (em metros) no TC6M de 429,4 ± 99,2 para 502,4 ± 95 (p=0,02), bem como aumento do percentual da distância esperada de 79,3 %± 14,6 % para 91,0% ± 11,4% (p=0,03). Houve melhora significativa na capacidade funcional aferida pelo escore DASI (de 12,6 ± 4,9 para 46,2 ± 17,7; p = 0,01). Além disso, observou-se que a circunferência da panturrilha direita apresentou correlação inversa com o escore de dor muscular durante o exercício (r= - 0,998 p=0,02) e correlação positiva com a força manual (r=+0,998 p = 0,03). CONCLUSÕES: A RCP possui impacto positivo sobre variáveis funcionais (distância percorrida no TC6M e na capacidade funcional). Ademais, o TC6M mostrou ser uma ferramenta importante e de baixo custo para prescrição e acompanhamento dos pacientes com IC. O uso do TC6M nesse contexto pode contribuir para reduzir barreiras na implementação e difusão da RCP.