INTRODUÇÃO: O implante transcateter de válvula aórtica (TAVI) tornou-se a opção terapêutica de escolha para pacientes inoperáveis e de alto risco cirúrgico com estenose aórtica grave sintomática ou com bioprótese cirúrgica prévia degenerada. Homens e mulheres apresentam diferentes perfis de risco, o que pode impactar nos desfechos da TAVI em 30 dias e com 1 ano de seguimento. Esse estudo avaliou o impacto do sexo nos desfechos de TAVI em um registro multicêntrico.
MÉTODO: De 2014 a 2020, 1.026 pacientes de 16 centros na América Latina, Alemanha, Canadá e Espanha foram incluídos (follow-up mediano de 13 meses). Todos os pacientes foram submetidos à TAVI com próteses auto-expansíveis de nova geração (Evolut ou Portico). Características basais, desfechos clínicos de 30 dias e mortalidade em 1 ano foram avaliados, assim como as tendências temporais para mortalidade em 30 dias de acordo com o sexo.
RESULTADOS: Foram incluídos 574 (56%) mulheres e 452 (44%) homens. As pacientes do sexo feminino eram mais velhas, com menor prevalência de doença arterial coronariana, infarto do miocárdio prévio, doença cerebrovascular e doença pulmonar obstrutiva crônica (todas p<0,05), resultando em uma pontuação mediana mais alta da Society of Thoracic Surgeons (4,9% vs. 4,5%; p<0,001). Em 30 dias (Fig.1), não foram observadas diferenças entre os dois grupos em relação a acidente vascular cerebral (1,74% vs. 1,1%; p=0,40), complicações vasculares (5,2% vs. 5,7%; p=0,70), sangramento maior (10,3% vs. 7,9%; p=0,20). A mortalidade observada em 30 dias (3,6% vs. 4,2%; p=0.775) foi menor que a mortalidade predita pelo STS-PROM score (4.9% vs. 4.5%; p<0.01) em ambos os sexos. Além disso, a mortalidade no seguimento de 1 ano também foi similar entre os grupos (HR:0,82; IC95%:0,59-1,13; p=0,22; Fig 3). Durante o período do estudo, as taxas de mortalidade em 30 dias diminuíram para mulheres e homens (ambos p<0,05; Fig. 4) na mesma proporção (55% vs. 53%, respectivamente).
CONCLUSÕES: Não houve diferenças significativas nos resultados da TAVI no seguimento de curto e médio prazos, entre homens e mulheres, independentemente dos diferentes perfis de risco. Além disso, durante o período do estudo, foi observada uma diminuição nas taxas de mortalidade aos 30 dias em ambos os sexos.
Figura 1. Comparação dos desfechos de 30 dias entre os sexos.
Figura 2. Mortalidade em 30 dias predita e observada em homens e mulheres.
Figura 3. Mortalidade ajustada de 1 ano e estratificada por sexo.
Figura 4. Tendências temporais dos desfechos de 30 dias por sexo.