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Miocardiopatia dilatada de fração de ejeção reduzida secundária à miocardite reumática

Armindo Jreige Júnior, Pamela Camara Maciel, Daniela Nascimento Velame da Silva, Camilla Vilela Vieira, Renan Cintra de Alvarenga Oliveira, Luis Henrique Silveira Moreira, Karen Katchvartanian, Vitor Emer Egypto Rosa, Bruno Biselli
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução:

     Febre reumática é uma possível complicação tardia secundária à infecção pelo estreptococo do grupo A. Episódios repetidos de surtos agudos podem evoluir para doença cardíaca reumática, que se associa à importante morbimortalidade em crianças e adultos jovens.

Relato do Caso:

     Paciente masculino, 46 anos, antecedente de febre reumática, submetido a troca valvar por prótese metálica tipo bola-gaiola em 1992, devido a dupla disfunção valvar aórtica. Permaneceu assintomático até 2020, evoluindo após esse período com sintomas de insuficiência cardíaca (IC).

     A hipótese inicial foi disfunção da prótese metálica. Ecocardiograma transesofágico não revelou alterações protéticas, evidenciando presença de disfunção ventricular, redução de fração de ejeção para 25% (previamente normal), dilatação de cavidades esquerdas e áreas de alteração segmentar.

     Cineangiocoronariografia mostrou-se sem lesões obstrutivas e sorologia para doença de Chagas negativa. Ressonância magnética (RNM) do coração apresentou áreas de realce tardio transmural no segmento apical e subendocárdico em segmentos da parede lateral, anterior e média. Diante dos achados da RNM e do diagnóstico prévio de febre reumática a principal hipótese foi a de miocardite reumática em atividade.

     Cintilografia com gálio identificou presença de hipercaptação do radiofármaco em projeção de área cardíaca de padrão difusa e grau discreto. Resultado que corroborou com a existência de processo inflamatório cardíaco em atividade. Paciente atualmente em acompanhamento ambulatorial, em avaliação clínica para a realização de corticoterapia ou inclusão em fila de transplante cardíaco.

Discussão:

     O tratamento da cardite reumática carece de consenso, possuindo escassez de evidência. No que tange o diagnóstico e tratamento da miocardite reumática, o cenário é ainda mais preocupante, com apenas poucos estudos observacionais.

     A terapia atualmente proposta para os casos graves e refratários, como o descrito, baseia-se no uso de corticosteroides. Há grande variação entre os dados da literatura, relacionados com dosagem do fármaco a ser utilizada, tempo de tratamento e realização de pulsoterapia associada. O transplante cardíaco também se apresenta como possibilidade para os casos de IC terminal e refratária.

     Devido a grande prevalência em nosso meio de febre reumática e gravidade clínica associada à miocardite reumática, há a necessidade de realização de maiores estudos para adequado manejo terapêutico e redução de morbimortalidade secundária à essa entidade clínica.

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