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TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Obstrução total de aorta abdominal em portador de hipercolesterolemia familiar

Marina de Oliveira Silva, Mônica Úrsula Figuerêdo Sales, Ana Paula Marte, Viviane Zorzanelli Rocha, Marjorie Mizuta, Raul Dias dos Santos, Marcio Hiroshi Miname
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução

A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma doença genética, autossômica codominante, caracterizada por elevado nível de LDL-c e prevalência de cerca de 1:310 indivíduos na população geral. Os portadores de HF apresentam elevado risco de doença arterial coronária, porém obstrução da aorta é um fenótipo raro mesmo nessa condição.

Relato de Caso

Mulher branca de 77 anos, tabagista, hipertensa, com doença arterial coronariana (cateterismo prévio com obstrução de 50% em artéria descendente anterior) e diagnóstico molecular confirmado de HF heterozigótica.  A paciente apresenta claudicação intermitente limitante, sem outros sintomas cardiovasculares. Ao exame físico, pulsos pediosos e fibular posterior diminuídos com presença de sopro abdominal, arco corneano e xantoma tendíneo. Realizou angiotomografia de aorta e seus ramos cujo resultado exibia oclusão crônica de aorta abdominal distal, acima da bifurcação, iniciando 2,7 cm a baixo da saída da artéria mesentérica inferior com preenchimento distal na origem das artérias ilíacas comuns pelas colaterais, observando circulação colateral bilateral aorto-ilíaca. A paciente possuía LDL-c inicial de 346 mg/dL e após atorvastatina 80 mg/dL e ezetimibe, atingiu LDL-c de 108 mg/dL. A lipoproteína (a) era de 85,9 mg/dL. Foi avaliada pela cirurgia vascular que orientou tratamento clínico.

Discussão

Previamente havíamos demonstrado maior prevalência de doença arterial periférica em portadores de HF . O caso mostra que a HF em sua forma de manifestação clínica, pode acometer outros segmentos do sistema cardiovascular,  como a aorta abdominal.  A obstrução da aorta abdominal pode resultar de aterosclerose ou displasia fibromuscular. No caso de aterosclerose, os fatores de risco associados são: tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, insuficiência renal crônica e HF.

Os portadores de HF possuem maior carga de placas ateroscleróticas e maior risco de desenvolvimento de doença arterial coronariana, doença arterial periférica, cerebrovascular e acometimento de outros sítios arteriais.

Ainda não existe recomendação para rastreio de doença subclínica/clínica em aorta em portadores de HF. A suspeita diagnóstica está baseada na presença de sinais ou sintomas e na suspeita clínica conhecimento, como reportado neste caso clínico. O uso de inibidor de PCSK9 seria a próxima etapa terapêutica de nossa paciente.

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