Introdução: Os índices de repolarização ventricular (IRV) tendem a se encontrar alterados em pacientes com doença arterial coronariana crônica e estão associados a maior risco de arritmias malignas e a maior mortalidade. A cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) é capaz de reduzir a mortalidade, bem como melhora a carga arrítmica nessa população. Porém, não sabemos se esse benefício pode ser explicado pela melhora dos IRV. Objetivo: determinar se há melhora dos IRV antes e após CRM, bem como analisar possíveis efeitos de variáveis clínicas e cirúrgicas nesses índices. Metodologia: Foram incluídos 150 pacientes, os quais foram submetidos a CRM no período de janeiro de 2018 a janeiro de 2022. Por meio da análise dos eletrocardiogramas pré-operatório e da alta hospitalar, analisaram-se os intervalos QT, do pico ao fim da onda T (Tp-Tf) e a relação Tp-Tf/ QT. Foram comparados os valores obtidos antes e após a CRM, bem como avaliou-se sua associação com variáveis clínicas e cirúrgicas. Resultados: A população estudada apresentou predomínio do sexo masculino (77,3 %), idade de 61,6±8,3 anos e fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 58,8±10,6 %. Ao se avaliar os IRV, notou-se redução dos intervalos QT (398,9±34,7 x 365,5±50,3 ms, p < 0,001) e Tp-Tf (72,2±17,2 x 61,6±19,5 ms, p < 0,001) e da relação Tp-Tf/QT (0,18±0,17 x 0,04±0,05, p = 0,004) após a RCM. Não houve correlação entre os IRV e variáveis clínicas e cirúrgicas. Conclusões: A CRM teve importante impacto na redução dos índices de repolarização ventricular, sugerindo que a melhora aguda na perfusão coronariana esteja diretamente associada com a melhora desses índices.