Introdução A pressão arterial tem em sua fisiologia com base em uma cascata de componentes que interagem continuamente para manutenção da homeostase, incluindo o reflexo barorreceptor, barorreceptores cardiopulmonares, quimiorreceptores centrais e periféricos, sistema renina angiotensina aldosterona além de liberação de oxido nítrico pelo endotélio. Constitui, portanto, um complexo sistema, não-linear (caos determinístico), simultaneamente agindo para controle e manutenção dos níveis pressóricos. Os sistemas complexos, dinâmicos e não lineares possuem características de previsibilidade e ordem, apesar de aparente aleatoriedade, além de estarem sensivelmente dependentes às condições iniciais. O desvio padrão indica o grau de variação de um conjunto de elementos, ou seja, a medida de dispersão em torno da média, assim, pode ser um importante aliado na avaliação da variabilidade da pressão arterial.
O objetivo do presente estudo foi avaliar a correlação entre desvio padrão e medidas de pressão arterial de 24 horas por meio do Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), com a hipótese de que maiores desvios-padrão estariam correlacionados com maiores cargas pressóricas.
Metodologia: Foram analisados144 exames de MAPA não selecionados. Desvio padrão e valores médios da pressão arterial total, diurna e noturna foram utilizados para medidas de correlação (Correlação de Pearson).
Resultados. Para as variáveis média da pressão arterial sistólica e desvio padrão do período total o coeficiente de correlação (r) foi de 0,478785 com p<0,0001. Para a média da pressão arterial e desvio padrão diurna, r= 0,397875 e p<0,0001 e para a média da pressão arterial e desvio padrão noturna r= 0264045 e p<0,0014. Para as variáveis média da pressão arterial diastólica e desvio padrão do período total foram encontrados r= 0,335673, p<0,0001. Para a média da pressão arterial diastólica diurna r= 0,239075 com p <0,0039 e para média diastólica noturna r= 0,117787 com p= 0,1597. Constatou-se que quanto maiores as cargas pressóricas, maior o desvio padrão das médias de pressão arterial sistólica em período total, diurno e noturno e para pressão arterial diastólica nos períodos total e diurno.
Conclusão: Houve correlação positiva entre as cargas pressóricas e o desvio-padrão da média dos valores pressóricos medidos pela MAPA, ou seja, quanto maior a variabilidade da pressão arterial sistêmica maior foi a carga pressórica, podendo denotar menor controle autonômico nos casos de hipertensão arterial sistêmica.
