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GESTANTE COVID POSITIVO, FISIOTERAPIA DA UTI AO PARTO. RELATO DE CASO

Bruno Fernandes Costa Ferreira, Claudia Tozato, Camila Vitelli Molinari, Carla Maria de Abreu Pereira, Vera Lúcia dos Santos Alves
SANTA CASA DE SÃO PAULO - São Paulo - SP - BRASIL

INTRODUÇÃO: A gestação pode aumentar o risco infeccioso e de coagulopatia, além do aumento do consumo de oxigênio e demanda cardiorrespiratória. A COVID-19 pode causar hipoxemia e doença microvascular difusa. Em gestantes a incidência referida foi 28% de óbito materno, 40% de abortos e 84% de cesárias de urgência.

RELATO DE CASO: Mulher de 25 anos, com 18 semanas de gestação, 91,63kg e IMC 31kg/cm2, sem antecedentes, apresentou os primeiros sintomas (tosse e dispneia) de COVID-19 em 18/05/2021 e teste PCR-RT positivo após 2 dias. Admitida em emergência (27/05/2021) com SpO2 84% e O2 6l/min. Internada em UTI (O2 a 15l/min, SpO2 92%, FR 35 rpm, FC 120 bpm, estável) com 75% de acometimento pulmonar e PaO2/FiO2 de 88, tratada com cateter de alto fluxo e ventilação não invasiva sem sucesso, evoluiu para intubação, após queda progressiva da ROX de 4,84 (instalação) 3,03(2h) e 2,47 (6h). Em ventilação controlada apresentava PaO2/FiO2 de 140 e driving pressure de 12 cmH20, após prona de 16h. Respondeu com PaO2/FiO2 de 260, o que foi repetida 4 vezes. O desmame difícil exigiu traqueostomia realizada no 18° dia, a retirada da ventilação foi 6 dias após, totalizando 24 dias de ventilação. Na internação seguiu em reabilitação intrahospitalar, a fisioterapia desenvolveu trabalho cardiorrespiratório e musculoesquelético, e após 34 dias recebe alta hospitalar. Uma semana após alta iniciou reabilitação, teste de caminhada de 405 m, FC entre 120 e 137, queda de SpO2 86%, Borg 2-5. Após 22 sessões de reabilitação cardiopulmonar e pélvica, apresentou SpO2 96-98% e FC de treino 100-140bpm em atividade aeróbica moderada, Borg 4-6. No dia de reavaliação (15/10/2021) não compareceu por início de trabalho de parto, realizado de forma normal com criança e mãe sem alterações, e alta médica materna do COVID-19 após um ano da internação.

DISCUSSÃO: Estatísticas apontam a alta taxa de abortos e morte materna no COVID-19. Existem poucos estudos sobre prona em gestantes, principalmente no 3° trimestre. A reabilitação cardiopulmonar e pélvica neste público é difícil, sem valores de referência para a normalidade, e maior dificuldade no caso de COVID-19. Este caso traz a importância do preparo deste público para o parto, cujo condicionamento cardiorrespiratório é indispensável principalmente após a COVID-19.

CONCLUSÃO: Gestante após 32 dias de hospitalização, 27 dias sob ventilação mecânica, necessidade de posição prona e traqueostomia, acompanhada pela fisioterapia, desenvolveu trabalho cardiorrespiratório conseguindo realizar parto normal na 38ª semana, com a mãe e criança saudáveis.

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