INTRODUÇÃO: A gestação pode aumentar o risco infeccioso e de coagulopatia, além do aumento do consumo de oxigênio e demanda cardiorrespiratória. A COVID-19 pode causar hipoxemia e doença microvascular difusa. Em gestantes a incidência referida foi 28% de óbito materno, 40% de abortos e 84% de cesárias de urgência.
RELATO DE CASO: Mulher de 25 anos, com 18 semanas de gestação, 91,63kg e IMC 31kg/cm2, sem antecedentes, apresentou os primeiros sintomas (tosse e dispneia) de COVID-19 em 18/05/2021 e teste PCR-RT positivo após 2 dias. Admitida em emergência (27/05/2021) com SpO2 84% e O2 6l/min. Internada em UTI (O2 a 15l/min, SpO2 92%, FR 35 rpm, FC 120 bpm, estável) com 75% de acometimento pulmonar e PaO2/FiO2 de 88, tratada com cateter de alto fluxo e ventilação não invasiva sem sucesso, evoluiu para intubação, após queda progressiva da ROX de 4,84 (instalação) 3,03(2h) e 2,47 (6h). Em ventilação controlada apresentava PaO2/FiO2 de 140 e driving pressure de 12 cmH20, após prona de 16h. Respondeu com PaO2/FiO2 de 260, o que foi repetida 4 vezes. O desmame difícil exigiu traqueostomia realizada no 18° dia, a retirada da ventilação foi 6 dias após, totalizando 24 dias de ventilação. Na internação seguiu em reabilitação intrahospitalar, a fisioterapia desenvolveu trabalho cardiorrespiratório e musculoesquelético, e após 34 dias recebe alta hospitalar. Uma semana após alta iniciou reabilitação, teste de caminhada de 405 m, FC entre 120 e 137, queda de SpO2 86%, Borg 2-5. Após 22 sessões de reabilitação cardiopulmonar e pélvica, apresentou SpO2 96-98% e FC de treino 100-140bpm em atividade aeróbica moderada, Borg 4-6. No dia de reavaliação (15/10/2021) não compareceu por início de trabalho de parto, realizado de forma normal com criança e mãe sem alterações, e alta médica materna do COVID-19 após um ano da internação.
DISCUSSÃO: Estatísticas apontam a alta taxa de abortos e morte materna no COVID-19. Existem poucos estudos sobre prona em gestantes, principalmente no 3° trimestre. A reabilitação cardiopulmonar e pélvica neste público é difícil, sem valores de referência para a normalidade, e maior dificuldade no caso de COVID-19. Este caso traz a importância do preparo deste público para o parto, cujo condicionamento cardiorrespiratório é indispensável principalmente após a COVID-19.
CONCLUSÃO: Gestante após 32 dias de hospitalização, 27 dias sob ventilação mecânica, necessidade de posição prona e traqueostomia, acompanhada pela fisioterapia, desenvolveu trabalho cardiorrespiratório conseguindo realizar parto normal na 38ª semana, com a mãe e criança saudáveis.