Introdução: Existem poucos dados na literatura médica acerca da viabilidade e segurança da TAVI realizada através de um acesso arterial carotídeo, dissecado cirurgicamente e precedendo o procedimento de substituição valvar. Relato de Caso: Homem de 64 anos, renal cronico dialitico com falencia de acessos vasculares, apresentou-se no departamento de emergencia de servico externo com dispneia e edema agudo de pulmão. Foi diagnosticado com Sindrome Coronariana Aguda sem supra de ST, com cateterismo cardiaco demonstrando lesão grave da artéria coronária direita (ACD) e estenose valvular aórtica sintomática, sendo submetido a angioplastia percutânea da ACD com sucesso neste primeiro tempo. Um mês depois, este paciente apresentou dispnéia progressiva e severa, sendo então transferido para nosso departamento de cardiologia para ser submetido à TAVI. O ecocardiograma transesofágico mostrou uma área de válvula aórtica (VAo) de 0,7cm², gradiente sistólico VE-Ao máximo e médio de 56 e 35 mmHg, respectivamente, com fração de ejeção do VE de 30%. Ao estudo da angiotomografia de aorta e seus ramos o paciente apresentou calcificação difusa da aorta, com impossibilidade técnica de cateterização regular de ambas as artérias femorais e subclávias.Optamos por uma abordagem inusitada, através da dissecção cirúrgica da artéria carótida esquerda, por ser o único acesso vascular arterial viável, conforme demonstrado sequencialmente na Figura1. A artéria carótida foi dissecada em sala de hemodinâmica pela equipe da cirurgia cardiovascular e sua realizada cateterização, posteriormente permitindo o estudo e realização da TAVI com sucesso pela equipe da cardiologia intervencionista. Discussão: Recentemente, uma metanálise com 2.082 casos relatou a segurança desse acesso arterial nobre, com taxas de sucesso de 99% e média de alta hospitalar em 7,7 dias. As taxas de complicações foram as seguintes: Acidente Vascular Encefálico pós procedimento;3,9%; necessidade de marca-passo permanente:16%; e sangramento major:7%. Outra fonte conhecida, o French Transcarotid TAVR Registry, relatou que a mortalidade associada ao foi de 7,1 ± 4,1% com acesso carotídeo bem-sucedido obtido em todos os pacientes. Conclusão: Quando um candidato a TAVI apresenta acesso femoral proibitivo, a abordagem carotídea pode ser considerada com segurança, associada a resultados clínicos encorajadores a curto e médio prazo.