Fundamentação O aumento do peso frequentemente desencadeia mecanismos que elevam a pressão arterial. Não obstante, a obesidade causa mudanças estruturais no miocárdio, incluindo aumento da massa ventricular, dilatação atrial, bem como disfunções diastólica/sistólicas. Adicionalmente, variações pressóricas nos hipertensos obesos podem ter relevância clínica na prevenção dos eventos cardiovasculares. A ascensão matinal (AM) da pressão arterial é um fenômeno fisiológico, que quando elevada pode ser considerada um fator de risco independente para eventos cardiovasculares.
Objetivo Avaliar a razão de prevalência da AM com a hipertrofia ventricular esquerda (HVE) em hipertensos obesos.
Métodos Estudo transversal que avaliou medidas pressóricas à monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e a presença de HVE avaliada pela ecocardiografia, em 203 pacientes hipertensos em tratamento ambulatorial, separados em dois grupos: 109 não obesos e 94 hipertensos obesos.
Resultados A AM acima de 20 mmHg à MAPA foi detectada em 59,2% dos pacientes do grupo “não obesos” e em 40,6% no “grupo obesos”. A HVE foi encontrada em 18,1% no grupo dos não-obesos e em 39,3% no grupo de obesos, p<0,001, com índice de correlação (Rho) 0,54; IC95% (0,42-0,63), p<0.001. No grupo “obesos” foi observado que AM >16 mmHg esteve associada à HVE, com [RP: 2,80; IC-95% (1,12–6,98), p=0,03]. Para o grupo dos “não obesos”, o ponto de corte para esta associação foi quando a AM era >22 mmHg.
Conclusão A AM elevada associou-se positivamente com HVE, com comportamento peculiar na população de hipertensos e obesos.