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Reativação de cardite reumática: um diagnóstico pouco lembrado

Fernanda Del Castanhel, Matheus Cavalcante Bezerra, Bruna de Deus Herrera, Alan Rodrigues Andrade, Thiago Lipari Vicente Pereira, Ana Cristina Magalhães Andrade, Luiz Aparecido Bortolotto
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: Pacientes com valvopatia reumática que desenvolvem disfunção ventricular sem uma causa evidente, devem ser investigados quanto a cardite reumática (CR), entre seus diagnósticos diferenciais. Relato de caso: Paciente do sexo feminino de 42 anos, já submetida a troca valvar por estenose mitral reumática e em uso de profilaxia para CR com penicilina de forma rotireia por sua ocupação profissional, iniciou com uma queixa nova de dispneia aos esforços e palpitação. Foi solicitado ecocardiograma transtorácico (ECOTT) como investigação inicial, que mostrou a prótese normofuncionante, mas evidenciou queda da fração de ejeção (FE) nova e inexplicada, de 64% para 36% com nova insuficiência moderada de valva aórtica e hipocinesia difusa. Realizada a hipótese de CR dentre os diagnósticos diferenciais para justificar as alterações encontradas. A paciente realizou então um PET (Tomografia de emissão de prótons) cardíaco, que mostrou captação anômala nas paredes do ventrículo esquerdo, reforçando a suspeita de um processo inflamatório, tal como a CR ativa. Iniciou o tratamento com corticoide (prednisona via oral) 1 mg/kg por 4 semanas e posterior desmame. Em novo ECOTT, realizado após 4 semanas de tratamento, houve recuperação da FE para 48% e a insuficiência aórtica que antes era moderada passou para discreta. Paciente evoluiu com melhora dos sintomas. Discussão: A reativação CR é de difícil diagnóstico. Sua suspeita pode surgir de sinais como a ausculta de novo sopro ou mudança de sopros já existentes, possivelmente secundária a uma valvulite, sendo essa a manifestação mais frequente. A CR também pode se apresentar com sinais e sintomas de insuficiência cardíaca nova, como ocorre em cerca de 10% dos casos. Por ser um diagnóstico desafiador, exames de imagem estão evoluindo para ajudar a confirmar o diagnóstico. Entre esses exames, além do ecocardiograma, estão a cintilografia com Galio-67 e o PET 18F-FDG que mostram a captação anormal na parede miocárdica quando há infecção ou inflamação, podendo sugerir o diagnóstico de CR. Embora ainda existam dúvidas em relação a fisiopatologia desta doença, a CR responde bem ao tratamento com corticosteróides. Na maioria dos casos é prescrito prednisona 1-2 mg/Kg/dia, via oral, e é possível acompanhar a resposta do tratamento após algumas semanas com novo ECOTT. Conclusão: CR é um diagnóstico pouco lembrado na prática clínica. Pacientes com antecedente de valvopatia reumática, ainda que usem profilaxia para febre reumática, devem ser investigados quando apresentarem um quadro clínico compatível.

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