Introdução
Vários genes e proteínas associados à resposta imunoinflamatória têm sido associados
à doença valvar reumática (DR), no entanto a conexão com a fisiopatologia da doença
é ainda pouco conhecida. Nossa hipótese é que o estudo das alterações na expressão
genética, proteica e metabólica podem contribuir para elucidação dos mecanismos de
desestruturação da matriz e perpetuação da resposta imune, trazendo novas
perspectivas na DR.
Metodologia
O estudo foi realizado em duas etapas:
1) Extraímos RNA de valvas reumáticas excisadas durante a cirurgia cardíaca,
compondo 4 pacientes (pct) mitrais e 4 aórticos. O grupo controle 1 (GC1) consistiu de
4 valvas normais, obtidas de cadáveres. A expressão de 90 genes que codificam
proteínas indicadoras de vias ligadas a sinalização redox, homeostase redox,
imunoinflamação, calcificação tecidual e matriz extracelular foram avaliadas de modo
customizado por meio de “polymerase chain reaction array” (PCR) e a análise
quantitativa por PCR em tempo real.
2) Extraímos proteínas e metabólitos para análise por espectrometria de massa de 7
valvas mitrais e aórticas (MAo) excisadas de mesmo paciente durante dupla troca
valvar. O grupo controle (GC2) consistiu: 7 pares de MAo normais obtidas de pacientes
submetidos a transplante cardíaco. Tais dados foram cotejados a variáveis clínicas, de
tomografia computadorizada e imunohistoquímica. Análises estatísticas pertinentes
foram aplicadas.
Resultados
A análise genômica do DR mitral mostrou que houve 2x mais expressão de genes-
chaves relacionados à resposta ao estresse, sinalização redox e proteínas do RE do
que outras etiologias e 2x maior que o controle normal. Além disso, a imunoinflamação
foi consideravelmente maior na DR mitral.
A análise de componentes principais (PCA) demonstrou separação de padrões
proteícos entre a DR mitral e aórtica, assim como em relação ao controle (Graficos 1-3)
Conclusão: Há diferenças na expressão genética, proteica e metabolômica na DR
mitral e aórtica e em relação ao controle. A identificação original de proteínas amiloides
abrem um novo espectro e podem contribuir na fisiopatologia da DR.