Introdução: Nos últimos anos, a profissão de enfermagem em Quebec continuou a mudar e a redefinir-se. Além do papel da enfermeira generalista que exerce principalmente em hospitais, foram criados vários papéis ampliados associados aos setores de cuidados especializados, como nurse practitioner (NP). A distribuição dessas funções está ligada, entre outras coisas, a crescente e complexa necessidade de cuidado de uma população envelhecida vivendo com doenças crônicas e elevados custos associados a essas demandas. Entretanto, a hierarquia profissional muito persistente em ambientes de saúde é uma das fontes de restrições para a plena implantação dessas funções especializadas de enfermagem, em um contexto limita-se seu nível de participação clínica e de tomada de decisões. Objetivo: Este projeto visa explorar, do ponto de vista dos enfermeiros do Quebec em setores de cuidados especializados, como é exercer sua profissão, o que desejam experimentar e o que têm em mente ou o que estão mobilizando como ações individuais e coletivas para transformar o exercício de sua profissão em conexão com uma maior autonomia e autodeterminação. Método: Um desenho qualitativo, com uma análise temática, baseada em entrevistas individuais (n = 21) a partir de uma amostra proposital de enfermeiros engajados politicamente. Resultados: Os participantes indicaram que vivenciam várias limitações relacionadas às relações de poder inerentes à sua prática. Eles relataram uma série de fatores que prejudicaram sua autonomia profissional e capacidade de prestar bons cuidados, incluindo a exclusão de reuniões médicas onde foram desenvolvidos planos de tratamento para os pacientes que eles cuidavam. Entretanto, apesar dos temores pelo futuro de seu papel que muitos deles enfatizaram, eles recorrem a vários atos de resistência individual e coletiva para se aproximarem de uma prática de cuidado ideal, o que inclui estar perto dos pacientes e ter maior autonomia em sua prática. A este respeito, alguns propuseram expandir seus ambientes de prática, tais como a criação de clínicas de insuficiência cardíaca onde possam prestar cuidados em casa, evitando assim a necessidade de transferir pacientes frágeis para o hospital. Conclusão: Em um contexto de escassez e acesso limitado a especialistas médicos, os resultados de nosso estudo indicam que uma maior autonomia e autodeterminação conferida aos enfermeiros especializados em sua prática diária permitiria oferecer um atendimento mais adequado aos clientes com doenças crônicas, como a insuficiência cardíaca.
