Introdução: A Apolipoproteína A-I (ApoA-I) tem mostrado papel relevante na funcionalidade da lipoproteína de alta densidade (HDL) devido sua ação pleiotrópica ao nível antioxidante, anti-inflamatória, antitrombótica e antiproliferativa. Com base nessas funções, é plausível que a ApoA-I exerça papel importante no desenvolvimento e prognóstico clínico do câncer.Objetivo: Avaliar o potencial preditor da Apo A-I na mortalidade em mulheres com câncer de mama (CM) após 7 anos de diagnóstico e tratamento cirúrgico. Metodologia: Foram selecionadas 99 mulheres pertencentes à Coorte “Health Women". A partir dessa amostra, no momento basal (T=0, anos 2010-2011) foram avaliadas características clínicas (idade de menarca, estado de menopausa, tabagismo, consumo de álcool e estado nutricional), demográficas (idade, nuliparidade e amamentação) e tumorais (estadiamento clínico e molecular). Além disso, foram coletadas amostras de sangue após jejum de 12h e a partir do plasma foram analisados o perfil lipídico (CT, LDL-c, HDL-c, triacilgliceróis) e apolipoproteínas (Apo A-I e B). Das 99 mulheres incluídas no T=0, 41 permaneceram em seguimento (T=1) e foram avaliadas quanto às informações de saúde (recidiva tumoral, anos livre de câncer e mortalidade total e por câncer de mama). O tempo de acompanhamento foi de 73 (DP=20; mínimo=6; máximo=92) meses. As pacientes avaliadas no T0 e T1 tinham, respectivamente, idade média de 50 (DP=11,0) e de 55 (DP=10,67) anos.No T0, mulheres que vieram a óbito durante o seguimento (n=13) apresentaram concentrações menores de Apo A-I (104,95 mg/dL versus 123,85 mg/dL, p=0,016) quando comparadas àquelas que sobreviveram (n=28). Ao longo do seguimento, apenas 14,3% das mulheres com valores de Apo A-I > p50 faleceram, tendo sido observada uma redução de 83,3% no risco de morte por todas as causas (OR= 0,167; IC95%=0,037-0,750; p=0,020) e tendência a maior tempo de sobrevida médio (83,7 versus 75,1 meses; p=0,084) nesse grupo. Conclusão: Mulheres com menor conteúdo de Apo A-I no momento do diagnóstico apresentaram maior taxa de mortalidade após 7 anos de seguimento.