Introdução O controle pressórico é essencial em pacientes hipertensos, com evidências robustas de lesão de órgão alvo (LOA) quando não há o atingimento das metas pré-definidas. A despeito de melhor compreensão da fisiopatologia da hipertensão (HAS), o risco residual ainda é elevado, e em algumas situações clínicas, em que o controle pressórico é considerado satisfatório pelos métodos tradicionais de avaliação, observamos a evolução da doença, LOA e aumento de desfechos cardiovasculares. As LOA não ocorrem somente por cifras tensionais alteradas, mas também influenciadas pela inflamação arterial, estresse oxidativo, que impõem aceleração do envelhecimento vascular. Dentro deste contexto, a utilização da Velocidade de Onda de Pulso (VOP) como marcador de risco cardiovascular, tem ganhado notoriedade, com evidências desta ser um adjuvante e um marcador de risco independente.
Identificação: MDB, 80 a, viúva, natural/ procedente de São José dos Campos. Assintomática. Em avaliação periódica verificaram que a pressão arterial estava alta e foi medicada com dois fármacos anti-hipertensivos. Como não atingiu a meta, foram associados fármacos. Em uso de: Olmesartana + Hct 40/25 mg, Lercanidipino 10 mg e Nebivolol 5 mg.
Exame Físico: BEG, eupneica, consciente, orientada, corada, hidratada.
PA: 168x90 mmHg; Peso= 73 kg; Altura= 162 cm; IMC: 27,8.
Ecocardiograma: Massa do VE= 78,13 g/m2, FEVE: 70%; Disfunção diastólica grau I, Insuficiência mitral e Aórtica discretas.
MAPA 24 h: PT: 117x62 mmHg; PV:121x64 mmHg; PS:109x56 mmHg; Descenso sono: 12% (PAS e PAD)
Análise de Onda de Pulso: (Fig.1)
Cd: Perindopril/Anlodipina/Indapamida (10/10/2,5 mg)
Retorno em 2 meses para nova avaliação -Análise de Onda de Pulso: (Fig.2)
Resultados: O caso ilustra o que a literatura médica tem mostrado em relação ao processo de disfunção endotelial, estresse oxidativo e rigidez arterial relacionado à doença hipertensiva, e que a utilização da VOP tem se revelado uma aliada na detecção de risco residual e auxílio na decisão terapêutica.
Conclusão: A análise da VOP permitiu uma individualização terapêutica, considerando a adesão medicamentosa, e possível atuação do perindopril na preservação do sistema calicreína-cinina, permitindo melhora dos parâmetros centrais, e com desaceleração do envelhecimento vascular.