Introdução: A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica com elevada morbimortalidade. O primeiro registro brasileiro de insuficiência cardíaca aguda (BREATHE) relaciona altas taxas de mortalidade intra-hospitalar com as deficiências de terapias comprovadamente eficazes em doses não otimizadas, o que compromete a qualidade de vida e o prognóstico dos pacientes. Objetivo: evidenciar a otimização farmacoterapêutica intra-hospitalar e na alta dos pacientes admitidos com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida. Métodos: foram analisados os prontuários eletrônicos dos pacientes com insuficiência cardíaca (CID-10:I50) ou que evoluíram para este diagnóstico durante a internação, que permaneceram internados por mais de 24h e que receberam alta hospitalar com receituário médico, admitidos de janeiro a novembro de 2022 em um hospital privado de São Paulo. A farmacoterapia domiciliar foi obtida na admissão através da anamnese farmacêutica e foi comparada com as otimizações de aumento de dose, substituição e introdução de classe terapêutica intra-hospitalar através do receituário médico de alta hospitalar. Resultados: foram avaliadas 121 internações dos 103 pacientes incluídos no estudo. Destes, 35,9% (n=37) foram classificados com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (≤40%). Nas avaliações de admissão (n=44), 15,9% continham um inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA), 22,7% um antagonista dos receptores AT1 de angiotensina II (ARA), 40,9% um inibidor de neprilisina e receptor de angiotensina (iNRA), 9,1% hidralazina e/ou mononitrato de isossorbida e 11,4% não continham nenhum vasodilatador. 70,5% continham betabloqueador, 22,7% um antagonista dos receptores mineralocorticoides (ARM), 27,3% um inibidor dos co-transportadores renais de sódio-glicose 2 (iSGLT2) e apenas 9,1% das avaliações de admissão continham a terapia quádrupla. Na alta, todos os receituários continham um iNRA ou IECA ou ARA ou um vasodilatador, 22,7% tiveram o IECA ou ARA substituídos pelo iNRA e 13,6% tiveram o iNRA iniciados na internação, aumentando para 75% o percentual de avaliações de alta com iNRA. O percentual de betabloqueadores, ARM e iSGLT2 aumentou para 95,5%, 65,9% e 84,1% respectivamente e o percentual de altas com a terapia quádrupla aumentou para 50%. Conclusões: Apesar da baixa taxa de prescrição de terapias baseadas em evidência na admissão, a otimização da farmacoterapia pode e deve ser realizada na fase hospitalar, visando adicionar fármacos e titular doses, o que pode contribuir com a redução da mortalidade e hospitalizações.