Introdução: Algumas condições clínicas vêm sendo tratadas com testosterona e seus derivados desde 1932, porém, foi descrito estudo sobre a melhora do desempenho atlético em soldados durante a segunda guerra mundial. Em 1954 o uso de esteróides anabolizantes foi descrito como melhora no desempenho dos atletas no campeonato mundial de levantamento de peso. A partir desse momento houve um aumento importante do uso em todas grandes competições até sua proibição nas olimpíadas de Montreal em 1976. Existe hoje vários trabalhos científicos mostrando seu efeito deletério ao organismo em especial ao sistema cardiovascular. O abuso de esteróides anabólicos androgênicos tem sido associado a uma variedade de diferentes efeitos colaterais cardiovasculares como morte súbita e infarto agudo do miocárdio, com alterações no perfil lipídico e hipertrofia miocárdica em humanos. Existe também risco maior de aterosclerose em função dessas alterações no perfil lipídico, por aumento nas concentrações de LDL colesterol e diminuição do HDL colesterol. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 49 anos, deu entrada no hospital com quadro clínico de hemiparesia a esquerda. Submetido a ressonância magnética de crânio evidenciando acidente vascular encefálico isquêmico agudo cortical em território de artéria cerebral média direita. Prosseguiu-se investigação com arteriografia de tronco supra-aórtico, onde identificou-se sub-oclusão na origem da artéria carótida interna direita e estenose de aproximadamente 80% em artéria carótida interna esquerda. Paciente permaneceu internado com a equipe de neurologia, com regressão completa de sintomas sendo então solicitada nossa avaliação. Paciente submetido primeiramente a angioplastia de artéria carótida interna esquerda e após aproximadamente dois meses à endarterectomia da artéria carótida interna direita. Paciente acompanhado há aproximadamente dois anos com boa evolução e sem complicações. Discussão e Conclusão: O aumento do risco de aterosclerose precoce ocorre por depósito de placas de colesterol na parede dos vasos, associado ao aumento da agregação plaquetária e provável disfunção endotelial. No entanto, até o momento não há estudos prospectivos, randomizados e intervencionistas sobre os efeitos cardiovasculares a longo prazo do abuso dessas drogas. Nosso paciente jovem, magro, atleta, sem comorbidades, não tabagista, provavelmente desenvolveu quadro de aterosclerose precoce por uso de esteróides anabólicos androgênicos em altas concentrações e por longo período de tempo.