Introdução:A obesidade grave pode levar a diminuição de HDL-C, que é fator de risco independente para eventos cardiovasculares. O tratamento cirúrgico da obesidade está associado a mudanças favoráveis no perfil lipídico e no risco cardiovascular de pacientes obesos grau III. Além da concentração de HDL-C, outros aspectos funcionais da HDL, como a capacidade antioxidante, devem ser levados em consideração. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da perda de peso pelo tratamento cirúrgico da obesidade, sobre o perfil lipídico e a capacidade antioxidante da HDL após 1 ano da cirurgia. Métodos: Foram avaliados 15 indivíduos obesos grau III (43±6 anos, IMC 49±3 kg/m2, 93% mulheres) antes e após 1 ano da cirurgia bariátrica. As amostras de sangue foram obtidas após jejum de 12 horas. O perfil lipídico e as concentrações de apolipoproteinas (apo) A-I e B, glicose, insulina, e proteína C reativa (PCR) foram determinados por kits comerciais. O diâmetro da HDL foi avaliado por espalhamento de luz. A capacidade antioxidante da partícula HDL foi mensurada pela incubação da HDL dos pacientes com LDL como substrato oxidável e CUSO4 como agente oxidante. Resultados: Como esperado, oIMC reduziu após a cirurgia (49±6 vs 35±5 kg/m2; p<0,0001). O colesterol total (174±43 vs 154±25 mg/dL; p=0,022), LDL-C (105±34 vs 78±19 mg/dL; p=0,007), não-HDL-C (128±39 vs 91±19 mg/dL; p<0,0001), triglicérides (113±39 vs 72±19 mg/dL; p=0,0012) e a apo B (105±27 vs 78±13 mg/dL; p=0,0001) diminuíram após a cirurgia. Favoravelmente, o HDL-C (46±9 vs 62±10 mg/dL;p<0,0001), apo A-I (136±24 vs 157±25 mg/dL; p<0,0029) e o diâmetro da HDL (8,88±0,39 vs 9,12±0,34 nm; p=0,028) aumentaram significativamente. A PCR (9,77±6,23 vs 1,75±1,90 mg/dL; p<0,0001) e o índice HOMA-IR (10,4±12,2 vs 2,07±0,97; p=0,034) diminuíram comparados ao período pré-cirurgia. Os parâmetros relacionados a capacidade antioxidante da HDL (Vmax: 2,44±0,76 vs 2,16±0,25miliunits/min; DOmax: 0,949±0,126 vs 0,873±0,031; Tmax: 141,9±6,7 vs 138,4±2,1min; AUC: 172,8±22,1 vs 159,4±5,9) não foram alterados após a cirurgia bariátrica. Conclusões: A perda de peso após 1 ano do tratamento cirúrgico da obesidade contribuiu para a redução do risco cardiovascular, pela melhora nas concentrações de HDL-C e de apo A-I e tamanho da partícula, apesar de não alterar a capacidade antioxidante da HDL.