Síndrome compartimental em membro superior pós cateterismo cardíaco
Introdução: A síndrome compartimental é uma condição clínica definida como o aumento da pressão intersticial sobre a pressão de perfusão capilar dentro de um compartimento osteofascial fechado. Esse desequilíbrio ocasiona a diminuição da perfusão sanguínea dos músculos e órgãos nele contidos. O tratamento consta na fasciotomia, procedimento cirúrgico, em que a partir da retirada da fáscia há o alívio da pressão interna, restabelecendo a circulação sanguínea para os tecidos. Em caso de hemorragia, além da fasciotomia deve-se também conter a lesão hemorrágica. Em revisão de literatura recente, com mais de 10 mil casos de abordagem radial para cateterismo cardíaco, as complicações vasculares e hemorrágicas ocorreram em apenas 45 pacientes, ou seja, 0,44%.
Relato de caso:
Caso 1: Paciente do sexo feminino, 66 anos, submetida a cateterismo cardíaco com implante de stent em coronária descendente anterior. Nove horas após o procedimento a paciente apresentou síndrome compartimental em membro superior direito. Realizado ultrassom Doppler com fluxo trifásico em artéria axilar e braquial proximal, constatou-se ausência de fluxo em artéria braquial distal, radial e ulnar. Diante do caso, optou-se por fasciotomia e exploração cirúrgica arterial. Na cirurgia observou-se pseudoaneurisma de artéria radial e foi realizado arteriorrafia, drenagem dos hematomas e fasciotomia com restabelecimento imediato do fluxo distal, perfusão e temperatura.
Caso 2: Paciente masculino, 78 anos, submetido a cateterismo com angioplastia em coronária descendente anterior. Vinte e quatro horas após o procedimento a equipe foi chamada para avaliar o paciente com dor, edema e hematoma. Em ultrassom diagnosticou-se um pseudoaneurisma de artéria braquial. Sendo assim, o paciente foi submetido a arteriorrafia evoluindo positivamente no pós-operatório.
Conclusão: Asíndrome compartimental em membro superior após cateterismo cardíaco e fístula artério-venosa é uma complicação rara, porém deve suspeitar-se sempre que o paciente apresentar síndrome isquêmica.