Introdução
A ablação por cateter de radiofrequência é uma alternativa de tratamento definitivo das arritmias nos casos refratários ao tratamento medicamentoso. Descrevemos um caso de complicação deste procedimento e que foi tratado de forma percutânea, o ecocardiograma transesofágico (ETE) foi fundamental para confirmação do tratamento proposto.
Relato de Caso:
Paciente masculino, 22 anos, portador de taquicardia atrial, refratária ao tratamento antiarrítmico, submetido a ablação por cateter de radiofrequência de foco arritmogênico originário no óstio da veia pulmonar inferior esquerda (VPIE).
Após 3 meses do procedimento, paciente evoluiu com quadro de dispnéia. Descartado tromboembolismo pulmonar e quadro infeccioso pulmonar. A angiotomografia de veias pulmonares evidenciou estenose acentuada do óstio da VPIE e área de opacidade heterogênea na periferia do lobo pulmonar inferior esquerdo. Foi realizada uma cintilografia de perfusão pulmonar que mostrou um acentuado déficit de perfusão no lobo inferior esquerdo.
O tratamento transcateter da estenose da VPIE foi o de escolha e realizado sob monitorização do ETE.
No procedimento, foi realizada uma angiografia arterial pulmonar seletiva, evidenciado dois pontos de obstrução importante, de menor importância em veia pulmonar superior esquerda (VPSE) e obstrução principal na VPIE. Inicialmente foi feita a angioplastia com balão da VPSE, observando-se melhora significativa do fluxo no vaso. A seguir, foi realizada a angioplastia com stent da VPIE. A angiografia de controle após implante do stent demonstrou pleno restabelecimento do fluxo venoso pulmonar, sem obstruções residuais.
A ecocardiografia 2D e mais recentemente a 3D, permite a aquisição de imagens de alta resolução para guiar as intervenções e monitorar os resultados. Nesse procedimento relatado, o ETE foi fundamental para guiar a punção transseptal e monitorização de possíveis complicações. Além de confirmar a estenose pulmonar pela identificação do padrão de “dente de serra” ao doppler pulsado (alta velocidade de pico e fluxo diastólico contínuo), e normalização do padrão de fluxo ao final do procedimento.
Conclusão:
O ETE vem apresentando papel importante na cardiopatia estrutural. São inúmeras as aplicações da ecocardiografia nos procedimentos de intervenção por via transcateter.