Introdução: São crescentes as evidências que mostram que o consumo excessivo de frutose, sobretudo presente em alimentos processados e ultraprocessados, impacta negativamente no risco cardiometabólico (RCM). Apesar disso, essa associação à desfechos intermediários e fatais ainda é pouco explorada em grupos específicos, tais como os migrantes. Avaliar a relação entre a frutose plasmática, fatores de RCM e aterosclerose subclínica em descendentes Germânicos pertencentes à Coorte SHIP-Brazil. Métodos: Estudo transversal com dados do momento basal da “Coorte Vida e Saúde em Pomerode” – estudo SHIP-BRAZIL (2014-2018). Realizou-se ultrassonografia de carótida para avaliação de aterosclerose subclínica (bilaterais comuns, internas e externas). Foram coletadas amostras de sangue para análises bioquímicas e dosagem de frutose. O excesso de peso, circunferência da cintura (CC) elevada, dislipidemia, diabetes e hipertensão arterial sistêmica (HAS) foram utilizados como fatores de RCM. Análise estatística: Foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov e de Mann-Whitney, com nível de significância de 5%. Resultados: Amostra compreendeu 597 indivíduos com idade média de 52 (DP=15,1) anos, sendo a maioria de sexo feminino (56,8%). As prevalências dos fatores de RCM foram 56,7% excesso de peso, 62,6% CC elevada, 78,9% dislipidemia, 10,7% diabetes e 36,3% HAS. A concentração média de frutose plasmática foi 58,9 (DP=24) mg/dL, sendo significantemente maior nos homens quando comparada às mulheres (p<0,001). Em ambos os sexos, a frutose plasmática foi significativamente maior nos indivíduos com CC elevada, dislipidemia e diabetes. Naqueles com excesso de peso, houve maiores concentrações de frutose somente no sexo masculino (p<0,05). Em relação a aterosclerose subclínica, houve maiores concentrações de frutose plasmática nas mulheres com lesões ateroscleróticas na artéria carótida comum direita (p=0,005), artéria carótida interna direita (p=0,012), artéria carótida externa direita (p=0,013) e na bifurcação esquerda (p=0,012) e maior probabilidade de estenose na artéria carótida interna direita (p=0,009). Independente do sexo, a maior concentração de frutose se associou a maiores lesões ateroscleróticas na artéria carótida comum esquerda (p<0,001). Conclusões: Em ambos os sexos, maiores concentrações de frutose plasmática se associaram positivamente com fatores de RCM. Esse risco foi ampliado no sexo feminino pelas associações positiva entre frutose e a presença de aterosclerose subclínica.