Introdução: A literatura demonstra uma clara associação entre consumo elevado de sal e o risco cardiovascular, sobretudo entre hipertensos. O aspecto hedônico relacionado à sensibilidade gustativa ao sal é um dos fatores que permite uma melhor compreensão do consumo do nutriente e assim otimizar as intervenções para a promoção de um consumo mais saudável de sal. Objetivo: Este estudo explorou a associação entre certas propriedades gustativas e o consumo de sal numa população hipertensa na cidade de Québec, Canada. Método: Sessenta e um participantes (31 homens; 65,5±11,4 anos) em tratamento de hipertensão há 13,4±10,4 anos participaram no estudo. Os valores médios da pressão arterial sitólica e diastólica foram respectivamente 125±12 mmHg e 74±9 mmHg. O consumo de sal foi avaliado pela medida de sódio urinário 24h e a partir de dois questionários: sal discricionário (DSQ) e frequência de consumo de alimentos ricos em sal (Na-FFQ). A avaliação das propriedades gustativas relaciondas ao sal foi baseada em dois testes: limiares de detecção e reconhecimento e percepção da intensidade e apreciação de diferentes concentrações sal tendo como veículo o caldo de galinha. Além disso, foi testada a sensibilidade ao sabor da feniltiocarbamida para avaliação do gosto amargo. A correlação do Spearman e o teste Mann-Whitney foram utilizados para analisar as associações entre as variáveis. Resultados: Para ambos os sexos combinados, a média de sódio urinário, DSQ e Na-FFQ foi de 8,3±4,5; 2,3±1,83; 3,6±1,6 g/dia, respectivamente. A ingestão de sal foi mais elevada entre os homens de acordo com FFQ-Na (p=0,003), SDQ & FFQ-Na (p=0,014) e sódio urinário (p=0,003). A intensidade percebida foi maior nas mulheres (p=0,005), indicando maior sensibilidade ao gosto salgado. A pressão sistólica foi correlacionada com a ingestão de sal medida pelo DSQ apenas entre os homens (r=0,37; p=0,04). A intensidade gustativa percebida foi correlacionada com o DSQ apenas entre as mulheres (r=0,537; p=0,003) e, apenas nos homens, o apreciação do gosto salgado foi correlacionado com o DSQ (r=0,482; p=0,006) e SDQ & Na-FFQ (r=0,542; p=0002). Os homens sensíveis ao gosto amargo têm uma maior apreciação do caldo de galinha mais salgado do que os não sensíveis (p=0,04), e também uma pressão arterial sistólica mais elevada(p=0,01). Conclusão: Os resultados sugerem que os homens são mais propensos a consumir sal do que os homens não sensíveis, o que poderia ser explicado por certas propriedades gustativas. No entanto, é necessário um tamanho de amostra maior.
