A American Heart Association incluiu a avaliação do sono, dando origem ao Life’s Essential 8, ratificando a importância da relação entre as características do sono e a saúde cardiovascular. Este estudo objetivou descrever a duração, qualidade do sono e a gravidade da insônia em função de características sociodemográficas e clínicas em trabalhadores de uma universidade pública. Trata-se de um estudo transversal, com dados parciais de 415 trabalhadores aleatorizados para um estudo mais amplo que avaliará as métricas (Life’s Essential 8). Utilizou-se um instrumento para a caracterização sociodemográfica e clínica, o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) e o Índice de gravidade de insônia (IGI). A coleta de dados foi realizada via web. O instrumento foi construído utilizando-se o aplicativo RedCap. Houve predomínio do sexo feminino (58,6%), média de idade de 44,6 (±8,8) anos e escolaridade média de 17,2 (±5,3) anos; 12,8% são docentes e pesquisadores e 87,2% técnicos-administrativos. A carga horária de trabalho média semanal é de 38,0 (±5,2) horas e o tempo médio de vínculo com a universidade é de 15,4 (±10,5) anos. Dislipidemia, hipertensão arterial e diabete melito foram relatadas por 31,6%, 23,7% e 6,5% dos participantes, respectivamente. Quanto às características do sono, o sono curto (menor que sete horas) foi mais prevalente durante a semana (25,7%), quando comparado ao final de semana (7,1%), com diferença de 56 minutos entre os dias de semana e finais de semana. A duração do sono foi significativamente mais elevada para o sexo feminino. O escore médio do PSQI foi 6,7 (±3,4) e do IGI 8,2 (±5,3). A prevalência de má qualidade do sono e de insônia leve foi de 55,8% e 39,3%, respectivamente. Os escores obtidos no PSQI foram significativamente mais elevados para os fumantes/ex-fumantes, para os trabalhadores com hipertensão arterial e circunferência da cintura aumentada. Os fumantes/ex-fumantes, aqueles sem companheiros e com circunferência da cintura aumentada obtiveram um escore superior no IGI, comparados àqueles que nunca fumaram, com companheiros e sem circunferência de cintura aumentada. Os achados deste estudo permitem concluir que a má qualidade do sono e a insônia leve foram frequentes nos trabalhadores. Os resultados obtidos até o momento mostram a importância de se investigar o sono, a fim de que sejam propostas intervenções com o objetivo de reduzir seus efeitos para a melhora da saúde cardiovascular nesta população.
