Introdução: A implantação de dispositivos de estimulação cardíaca artificial, como o marca-passo (MCP) e cardioversor desfibrilador implantável (CDI), tem aumentado, assim como complicações físicas e emocionais relacionadas a esses dispositivos. Medidas válidas e fidedignas da perspectiva do paciente em relação à utilização destes dispositivos são úteis para a melhoria do cuidado a eles prestado. Os objetivos foram traduzir e adaptar semanticamente para o Brasil um instrumento de avaliação de perspectivas de pacientes sobre dispositivo cardíaco artificial, desenvolvido na Alemanha em 2001, composto de 23 perguntas que avalia diferentes atributos, como, por exemplo, técnicas, preocupações e necessidades individuais dos pacientes. Método: Estudo metodológico, realizado em dois ambulatórios de Arritmias de um hospital universitário do interior paulista. Foram incluídos pacientes com MCP e CDI. As etapas percorridas foram: tradução do instrumento para a língua portuguesa do Brasil, obtenção do primeiro consenso da versão em português, avaliação pelo comitê de especialistas e análise semântica. Resultados: Na tradução, foram contratados dois tradutores independentes, brasileiros com conhecimento da língua inglesa. Após, foram apresentadas ao comitê de especialistas as versões traduzidas e a versão em inglês. Participaram desta etapa cinco juízes, enfermeiros e docentes com expertise na temática e método. Essa etapa ocorreu por Google-Meet, chegando na versão consensual em Português. Para análise semântica foi utilizado o método “DISABKIDS”. A amostra foi composta por 30 pacientes com MCP e 32 pacientes com CDI. Primeiramente, os pacientes responderam a versão consensual em português do instrumento. Após, todos responderam o “Formulário de Avaliação Semântica - impressões gerais”. Em seguida, após agrupamento, os participantes responderam o “Formulário de Avaliação Semântica – específico”. A maioria dos participantes, classificou o instrumento como “Bom”, avaliou as questões como “Fáceis de entender”, não apresentou “Dificuldade para responder” e “Não sugeriu” alteração no instrumento. Poucas foram as sugestões de alteração na redação: sete pacientes (11,3%) sugeriram trocar “condição cardíaca” por "problema no coração”, e algumas categorias de respostas foram adequadas para manter o padrão. Conclusões: O instrumento se mostrou válido para aplicação no Brasil, constituindo ferramenta importante para avaliação de perspectivas de pacientes sobre dispositivo cardíaco artificial.