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Infarto agudo do miocárdio com alta carga trombótica em usuário de anabolizante

Leonardo V. V. de Salis, Lia A. B. de Paula, Santiago A. C. Vintimilla, Glaylton S. Santos, Guilherme R. de Medeiros, Marília T. Soliani, Victor G. F. Nogueira, Rodrigo M. Araújo, Aline M. K. Nakamoto, Pedro H. A. Marins
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL, Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual - São Paulo - SP - Brasil

 

 

INTRODUÇÃO: O uso de substâncias anabolizantes parece ser um fator de risco para Síndrome Coronariana Aguda (SCA). Hipercoagulabilidade, hipertensão arterial e aterosclerose acelerada são descritos no uso crônico de derivados sintéticos da testosterona.

Infarto agudo do miocárdio relacionado à alta carga trombótica, em pacientes jovens ou com poucos fatores de risco para a doença aterosclerótica, deve levantar a suspeita de uso de hormônios anabolizantes.  

RELATO DE CASO: Masculino, 44 anos, usuário de decanoato de testosterona e metandrostenolona há 06 meses para fins estéticos, foi encaminhado ao setor de emergência devido a infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST em parede anterior, sem critérios clínicos e eletrocardiográficos de reperfusão à fibrinolise.

Foi submetido à intervenção coronariana percutânea de resgate, no qual o cateterismo cardíaco evidenciou alta carga trombótica em terço proximal de artéria descendente anterior (ADA), com presença de embolização para ramo de segunda artéria diagonal (ADg2). Tromboaspiração intracoronariana, angioplastia e uso de inibidor da glicoproteína IIb/IIIA não resultaram em restauração de fluxo coronariano adequado em ADg2.

O paciente foi mantido em uso de acido acetilsalicílico, clopidogrel, enoxaparina e inibidor da glicoproteína IIb/IIIa por 48 horas. A angiotomografia de artérias coronarianas realizada após este período demonstrou escore de cálcio de 0 em território de ADA, com discreta redução luminal às custas de espessamento parietal. ADg2 não demonstrou redução luminal. A investigação para trombofilias resultou negativa. 

DISCUSSÃO: A interação entre substâncias anabolizantes e o risco de eventos coronarianos ainda é alvo de discussão quanto à causalidade. Diversos relatos e séries de casos sobre o tema vêm surgindo nos últimos anos, assim como o uso indiscriminado de tais substâncias.  O manejo clínico de obstruções coronarianas agudas com alta carga trombótica, que está frequentemente associado a estes quadros, constitui alvo de debate terapêutico.

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