Fundamento
O uso de enxertos arteriais múltiplos (EAM) na cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) é subutilizado, mesmo em instituicões reconhecidas. O objetivo deste estudo foi avaliar a tendencia do uso de EAM em um centro de referencia na América Latina.
Métodos
Análise de tendência no banco de dados institucional para avaliar o uso de EAM em pacientes submetidos à CRM isolada em 3 periodos: 2016-2017; 2018-2019 e 2021-2022. Foram excluídos os pacientes operados em situação de emergência e as reoperações de CRM. Foram excluídos também os pacientes operados no ano de 2020 por se tratar do ano da eclosão e intensificação dos efeitos da pandemia da Covid-19 no Brasil. As definições das variáveis e dos desfechos seguiram à versão 2.81 do STS Adult Cardiac Surgery Database. Todas as análises foram realizadas com o pacote estatístico do software R.
Resultados
Foram operados 750, 993 e 840 pacientes no 1⁰, 2⁰ e 3⁰ periodo, respectivamente (P=0,657). A prevalência de EAM foi de 9,73%, 15,34% e 46,9% no 1⁰, 2⁰ e 3⁰ periodo, respectivamente (P<0,001). Observando por tipo de enxerto arterial; o uso de duas artérias torácicas internas foi de 7,33% para 8,58% e 11,43% no 1⁰, 2⁰ e 3⁰ periodo, respectivamente (P<0,001) e o uso de enxerto de artéria radial foi de 3,07% para 7,29% e 38,57%, respectivamente, (P<0,001). Por outro lado, o uso exclusivo de enxertos arteriais foi de 0,67% para 0,91% e 3,1%, respectivamente (P<0,001). Assim mesmo, não houve diferença em relação a frequencia de infecção profunda de ferida cirúrgica que foi de 7,6%, 7,25 e 5,36% no 1⁰, 2⁰ e 3⁰ periodo, respectivamente (P=0,137).
Conclusões
Seguindo as evidências, o uso de EAM na CRM isolada aumentou significativamente em um centro de referência na América Latina. O aumento mais expressivo aconteceu com o uso do enxerto de artéria radial.