Introdução:A Miocardiopatia Hipertrófica (MCH) pode levar à intolerância ao esforço, frequentemente associado ao gradiente pressórico intraventricular. Adicionalmente, muitos pacientes com MCH são desencorajados a praticar exercícios físicos e por consequência apresentam limitação periférica aos esforços (descondicionamento físico) além de aumento do risco de desenvolvimento de obesidade, hipertensão e diabetes.Objetivo: Identificar a prevalência de limitação periférica através do teste cardiopulmonar (TCP) em pacientes com MCH e avaliar as características clínicas e ecocardiográficas associadas a esse tipo de limitação.Métodos: Estudo transversal retrospectivo em portadores de MCH submetidos à TCP e ecocardiografia no período de 2018 a 2022.Os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com as variáveis do TCP. Grupo normal (N): consumo de oxigênio (VO2) >85% do predito; grupo limitação periférica (LP):VO2<85% do predito, VE/VCO2 slope< 34 e ausência de dor torácica limitante, sinais de baixo débito, ventilação oscilatória, arritmias complexas e comportamento anormal da pressão arterial e do pulso de oxigênio; Grupo limitação cardiocirculatória (LC):VO2< 85% e presença de qualquer um dos critérios ausentes no grupo LP.Resultados: Foram avaliados 40 portadores de MCH divididos em três grupos: N (n=8), LP (n=14) e LC (n=18). A prevalência de LP observada foi de 44%. Em relação às características clínicas observou-se diferença significativa apenas na idade (anos) entre os grupos N e LC; 58±8;45±14;42±16, p=0,03.Em relação à variáveis ecocardiográficas, não houve diferença significativa entre os grupos N, LP e LC, incluindo a presença de gradiente intraventricular significativo(≥30 mmHg): 25%, 28% e 34%, fração de ejeção do ventrículo esquerdo (%): 66±3,66±7,66±13 e espessura do septo (mm);18±5, 22±4, 22±4,respectivamente. Na análise das variáveis do TCP observou-se diferença significativa entre os grupos N, LP, LC: VO2 (mL/kg/min): 23±5, 20±5, 14±6, p=0,0006, VO2 predito(%): 91±4, 73±9, 56±17, p<0,0001, VE/VCO2 slope: 32±3, 29±3, 37±11, p<0,03; PAS máxima (mmHg): 185±24, 170±14, 134±35,p<0,0001, índice cronotrópico: 76±8, 60±21, 41±20, p=0,0007, respectivamente.Conclusão: O presente estudo mostrou que a limitação periférica é um achado frequente em portadores de MCH, podendo representar até metade dos casos, sem marcadores clínicos ou ecocardiográficos claros. Nesse contexto, o TCP pode contribuir para a identificação de limitação periférica em portadores de MCH e que potencialmente se beneficiariam de reabilitação cardiovascular.