INTRODUÇÃO O surgimento de inibidores de ponto de verificação imune (ICIs) mudou o cenário da oncologia, pois provocam respostas antitumorais potentes e melhora o prognósticos de muitos pacientes. Com o aumento da prescrição desses medicamentos houve também uma ampla gama de efeitos adversos surgindo. METODOLOGIA As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuário e literatura. RESULTADO Masculino, 85 anos, hipertenso, com histórico de LLC em 2019 e antecedente de melanoma no braço direito tratado com cirurgia 2016. Apresentou recidiva em jun/2019, com uso prévio de obinutuzumabe e clorambucil, ipilimumabe e nivolumabe e, atualmente, em tratamento com nivolumabe, ciclo 33, sendo último em jan/23. Em último PET-CT dez/22 evidenciado ateromatose calcificada carotídea, coronariana e renal, sem sinais de inflamação/hipercaptação. Ecocardiograma transtorácico em 2021 sem alteração segmentar. Em fev/23 vêm ao Pronto Socorro com dor torácica típica, ECG admissional Supra ST parede anterosseptal e inferior. Feito AAS e clopidogrel e encaminhado ao cateterismo evidenciando suboclusão ⅓ proximal de ADA de ocluída em ⅓ médio. Realizada angioplastia com sucesso, sem intercorrências. Paciente segue cuidados pós SCA. DISCUSSÃO Os ICIs visam as proteínas inibitórias do ponto de checagem imune. Os eventos adversos relacionados ao sistema imunológico (IRAEs) resultam de uma perda de autotolerância, que desencadeia respostas inflamatórias agudas autoimunes. Uma preocupação adicional é o efeito dos ICIs na aterosclerose, cujo processo patológico de inflamação persistente e ativação imune tem evolução gradual e pode levar anos até que suas complicações clínicas se manifestem, sendo o PET-CT uma estratégia válida para avaliar a inflamação associada à aterosclerose. O mecanismo fisiopatológico da aterosclerose relacionada à ICI não é completamente compreendido. Estudos pré-clínicos elucidaram que a PD-1 (nivolumab), PD-L1 e CTLA-4 (ipilimumab) reduzem a inflamação causada por células T, atenuando assim o desenvolvimento e progressão da placa. Portanto, sua inibição nas imunoterapias oncológicas atuais pode ativar células T em placas e agravar a aterosclerose nesses pacientes, impulsionando a progressão da aterosclerose para lesões mais avançadas e instáveis, contribuindo para o desenvolvimento de eventos CV agudos. CONCLUSÃO Conscientização e monitoramento de pacientes tratados com ICI podem elucidar fatores de risco que contribuem para o agravamento da aterosclerose induzida por ICI e identificar estratégias de tratamento promissoras.