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Prognóstico e preditores de morte da estenose aórtica acentuada sintomática estável na pandemia por COVID-19.

Solange Desirée Avakian, Flávio Tarasoutchi, Antonio de Padua Mansur
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A pandemia reduziu drasticamente o agendamento de cirurgias cardíacas, pois os grandes hospitais foram direcionados para os atendimentos dos pacientes com Covid-19. Os pacientes sintomáticos estáveis com estenose aórtica (EAo) acentuada tiveram as intervenções cirúrgicas postergadas. Esse estudo analisou o impacto da pandemia no prognóstico desses pacientes.

Métodos: estudo retrospectivo analisou a taxa de morte em 423 pacientes ambulatoriais com EAo acentuada (gradiente pressórico transaórtico 40 mmHg ou área valvar 1,0 cm2) sintomática e estável com indicação de intervenção valvar percutânea (TAVI) ou cirurgia de troca valvar no período de 01/04/2020 a 21/12/2021. Os dados basais incluíram a análise das características clínicas, variáveis ecocardiográficas e presença de doença arterial coronária (DAC).

Resultados: a média de idade foi de 74±11 anos sendo 235 (55.6%) homens. O tempo médio de seguimento foi de 17,5 meses. Ao longo de um período de acompanhamento observou-se 87 (20,6%) óbitos sendo 79 (18,7%) por doença cardiovascular, 7 (1,6%) por COVID-19 e um paciente por câncer. A mortalidade foi maior nos pacientes mais idosos (p=0,022), portadores de doença renal crônica (p=0,015) e DAC (p=0,007). As variáveis ecocardiográficas associadas à maior mortalidade foram a maior massa ventricular esquerda (p=0,030) e maior pressão sistólica da artéria pulmonar (p=0,049). A intervenção valvar percutânea ou cirurgia de troca valvar foi realizada em 130 (30,7%) pacientes e, destes, 18 (14%) morreram durante o seguimento, 11 submetidos a TAVI e 7 cirúrgicos (p=NS). A análise multivariada de Cox, ajustada para idade, gênero, DRC, DAC, fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) inicial e gradiente médio transaórtico, mostrou a DAC [HR=1,72 (IC95%:1,016-2,434); p=0,041] e a FEVE [HR=0,976(IC95%:0,957-0,996); p=0,013] como variáveis independentes para morte.

Conclusão: muitas intervenções valvares para a EAo acentuada sintomática foram postergadas devido a pandemia pelo COVID-19 e o adiamento associou-se com maior mortalidade. A presença de DAC e a FEVE foram os preditores independentes de morte nesses pacientes.

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