Introdução: O maior consumo de frutas e vegetais promove maior disponibilidade de fitoestrogênios e esses compostos foram associados à saúde vascular e redução de sintomas do climatério. A quercetina, um flavonoide, é o antioxidante natural mais abundante. Em estudos com animais, a quercetina melhorou o metabolismo das lipoproteínas, apresentou capacidade antioxidante, produziu substâncias vasodilatadoras no endotélio vascular e reduziu a agregabilidade plaquetária. Porém, os efeitos da suplementação de quercetina em humanos é pouco conhecido. Métodos: Estudo randomizado, duplo-cego e controlado com placebo, analisou os efeitos da suplementação de 500 mg de quercetina nas características antropométricas e nas variáveis bioquímicas de 23 mulheres na pós-menopausa com síndrome coronária crônica (SCC) (10 no grupo placebo; 13 no grupo quercetina). A SCC foi diagnosticada para lesões coronárias >70% de redução do lúmen. As antropométricas foram o índice de massa corpórea (IMC), circunferência abdominal (CA) e circunferência do quadril (CQ). As bioquímicas foram hemograma completo, glicemia, hemoglobina glicada (HbA1c), creatinina, proteína C reativa (PCR), triglicérides (TG), colesterol total (CT) e frações HDL-C, não HDL-C e LDL-C. O período de seguimento foi de 60 dias. Analisou-se comparativamente as variáveis basais com as após 60 dias e a correlação entre os deltas (∆ = variável basal menos 60 dias de placebo ou suplementação). Resultados: A média de idade foi de 60,3±5,0 anos. A suplementação de quercetina associou-se após 60 dias com redução da circunferência do quadril de 107,5±11,8 cm para 106,4±11,7 cm (p=0,019) e de 4,4% da hemoglobina glicada de 6,33±0,78% para 6,05±0,82% (p=0,039). No grupo quercetina, observou-se: correlação direta entre os deltas da CQ∆ com os deltas das concentrações séricas do CT_∆ (r=0,68; 0,010), NãoHDL-C_∆ (r=0,69; p=0,009), LDL-C_∆ (r=0,67; 0,012); correlação inversa entre CQ_∆ e HbA1c_∆ (r=-0,59; p=0,033) e PCR_∆ (r=0,59; 0,032); e correlação direta entre HbA1c com PCR_∆ (r=0,65; p=0,015). Não se observou quaisquer variações ou correlações entre as variáveis analisadas no grupo placebo. Conclusão: Estudo gerador de hipóteses mostrou que a suplementação de quercetina associou-se com melhores variações antropométricas e bioquímicas e essas alterações podem ser benéficas no prognóstico das SCC em mulheres na pós-menopausa.