Fundamento: A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é uma das principais causas de morte por doença cardiovascular. Estudos mostraram que as mulheres tiveram melhor sobrevida do que os homens, apesar do maior de internações em mulheres. No entanto, pouco se sabe sobre diferenças na mortalidade e preditores de óbito em mulheres e homens com insuficiência cardíaca por miocardiopatia isquêmica (MCPi) e não isquêmica (MCPni).
Métodos: De fevereiro de 2017 a setembro de 2020, analisamos a mortalidade e os preditores de morte em mulheres e homens com ICC por MCPi e MCPni. Os dados basais incluíram características clínicas e achados ecocardiográficos. As análises estatísticas foram realizadas com o método de Kaplan-Meier (K-M) e os métodos de riscos proporcionais de Cox para análise das taxas de mortalidade e para busca de preditores de óbito para mulheres e homens.
Resultados: Estudamos 7.487 pacientes, média de idade de 64,3 ± 14,2 anos, 4.417 (59%) do sexo masculino. As mulheres com MCPi e MCPni tiveram, respectivamente, maior média de idade (p<0,0001), maior fração de ejeção ventricular esquerda média (FEVE) (p<0,001) e menor diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (DDVE) (p<0,001). A dose média de carvedilol foi semelhante em ambos os sexos para as MCPi e MCPni. Ao longo de um período de acompanhamento de 3 anos, 420 (15,7%) homens e 325 (14,7%) mulheres com MCPni morreram (p=NS) e na MCPi morreram 519 (29,8%) homens e 211 (24,5%) mulheres (p=0,004). Observou-se maior mortalidade nas mulheres com MCPni comparada aos homens com MCPi (p<0,0001). A incidência cumulativa de óbito foi maior em homens (K-M: log-rank p<0,0001) com MCPi, mas semelhante para MCPni (Figura). A regressão de Cox para óbito ajustado para idade, sexo, infarto prévio do miocárdio (IM), diabetes, acidente vascular cerebral prévio (AVC), doença renal crônica (DRC), fibrilação atrial, tipo de ICC (disfunção sistólica, diastólica ou intermediária) e FEVE mostrou que DRC, AF, diabetes, AVC, FEVE e idade, em ordem decrescente, foram os principais preditores de morte para MCPni e para a MCPi a DRC, AVC, diabetes, AF, FEVE, idade e IM.
Conclusão: as mulheres tiveram um prognóstico melhor do que os homens na MCPi, mas mortalidade semelhante na MCPni. O sexo não foi uma variável independente de morte. A prevenção secundária de eventos cardiovasculares dos principais preditores de morte podem reduzir significativamente a taxa de morte em mulheres e homens com ICC por MCPi e MCPni.