Introdução: O infarto agudo do miocárdio (IAM) e o acidente vascular cerebral (AVC) são as principais manifestações de doenças cardiovasculares, principal causa de mortalidade mundial. Têm fisiopatologia multifatorial, influenciada por hipertensão, diabetes, tabagismo e outros fatores. Enquanto o IAM geralmente decorre de lesão endotelial e instabilidade de placas de ateroma, o AVC pode ser isquêmico ou hemorrágico.
Métodos: A composição dos trombos coletados mecanicamente de pacientes do grupo IAM (n = 29) e AVC (n = 10) foi comparada, por meio de microscopia eletrônica de varredura, quanto aos eritrócitos, leucócitos, fibrina, plaquetas e cristais de colesterol para melhor compreender a fisiopatologia de cada evento.
Análise estatística: Aos resultados foram aplicados testes estatísticos (Mann-Whitney, exato de Fischer ou razão de verossimilhanças) para comparação de variáveis. Valores de p inferiores a 0.05 foram considerados significativos.
Resultados: Demograficamente, evidenciou-se maiores valores de IMC (n = 27, média = 28.15, DP = 4.73 vs. n = 10, média = 24.75, DP = 3.01, p = 0.042) e tempo até a trombólise (n = 14, média = 242.50, DP = 95.19 vs. n = 4, média = 125, DP = 50, p = 0.008) no grupo IAM, e o contrário foi observado quanto à frequência de ICC (n = 28, Fr = 0 vs. n = 10, Fr = 30%, p = 0.014) e valores de HDL (n = 18, média = 40.5, DP = 11.57 vs. n = 4, média = 62, DP = 24.66, p = 0.013). Há mais tabagistas ativos no grupo IAM (n = 28, Fr = 64.3% vs. n = 10, Fr 10%) e mais ex-tabagistas (Fr = 14.3% vs. Fr = 30%) e nunca fumantes (Fr = 21.4% vs. Fr = 60%, p = 0.008) no grupo AVC. Na comparação da composição dos trombos, notou-se maior quantidade de hemácias (19.38 unidades-área vs. 1.88 u.a.), leucócitos (43.54 u.a. vs. 0.71 u.a.), plaquetas (229.22 u.a. vs. 19.84 u.a.) e fibrina (553.49 u.a. vs. 156.9 u.a.) naqueles originários de pacientes com IAM. Não houve diferença quanto à quantidade de cristais de colesterol (1.66 vs. 1.24, p = 0.831). Além disso, tabagistas ativos apresentaram maiores quantidades de fibrina (653.96 u.a. vs. 237.51 u.a., p = 0.04) e hemácias (21.14 u.a. vs. 8.74 u.a., p = 0.01) nos trombos, de forma independente. As imagens foram obtidas do grupo IAM e AVC.
Conclusões: A comparação torna evidente a maior quantidade de hemocomponentes no grupo IAM em todas as análises, exceto quanto aos cristais de colesterol. Também observa-se maior acúmulo de fibrina e hemácias em trombos de tabagistas ativos independentemente do grupo, ressaltando sua importância como fator de risco cardiovascular.