INTRODUÇÃO:
Na última década, houve um aumento considerável nas taxas de infecção relacionadas à dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI). Na maioria desses casos, há a necessidade da remoção completa do dispositivo, sendo a remoção percutânea uma excelente técnica.
RELATO DE CASO:
Paciente masculino, 78 anos, portador de marcapasso cardíaco há 20 anos. Foi submetido à terceira troca de gerador de marcapasso por esgotamento de bateria. Apresentou, dias após a troca, quadro de dor local e entumescimento da ferida no local do gerador, localizado na região subclavicular direita. Foi realizada a exploração cirúrgica com limpeza mecânica e antibioticoterapia oral. Houve recidiva do quadro de infecção com eliminação contínua de secreção purulenta pela ferida com exposição parcial do gerador do marcapasso. Após avaliação, paciente foi submetido a internação imediata para antibioticoterapia parenteral prolongada, explante total do sistema com o auxílio de sistema percutâneo de extração de eletrodos de estimulação cardíaca e posterior implante e novo sistema na região torácica contralateral.
DISCUSSÃO:
As infecções relacionadas aos DCEI vêm aumentando em todo o mundo tendo incidência entre 0,5 a 2,2% e taxa de mortalidade até 35%. Segundo diretrizes internacionais, o tratamento deve ser feito obrigatoriamente pela remoção completa do gerador de pulsos e cabos-eletrodos, associado a terapia antimicrobiana sistêmica e reimplante de um novo dispositivo cardíaco. Tradicionalmente, a extração é realizada com a abertura do coração e uso da circulação extracorpórea através de uma esternotomia mediana ou toracotomia lateral direita. Entretanto, recentemente desenvolveram-se dispositivos mecânicos ou que utilizam tipos diferentes de energia como o laser ou a radiofrequência. No presente caso, foi realizada a retirada completa do sistema com sucesso, com o auxílio de um dos modelos de extração de eletrodos disponíveis no Brasil. Estes novos recursos têm como potencial benefício evitar a abertura do tórax e do coração por serem de aplicação percutânea e bem menos invasiva. Consequentemente, há uma menor morbidade, mortalidade e melhor prognóstico quando comparada à remoção a céu aberto.
CONCLUSÃO:
Com o crescimento exponencial de infecções relacionadas aos DCEI, novas armas terapêuticas como a radiofrequência e o laser tem sido empregadas a fim de minimizar os danos ao paciente, facilitar a recuperação pós cirúrgica e diminuir os riscos de nova contaminação e complicações advindas dela, além de otimizar os custos hospitalares.