Racional: O acesso arterial transradial distal (dTRA) na fossa radial (tabaqueira anatômica) apresenta, em relação ao seu correspondente proximal (pTRA), vantagens como maior conforto a pacientes (pcts) e operador (sobretudo para o dTRA esquerdo), menos sangramentos, hemostasia mais rápida e substancial redução no risco de oclusão da artéria radial (AR) proximal. Objetivos: descrever a exequibilidade e segurança do dTRA como via de escolha para cinecoronariografias (CINE) e/ou intervenções coronarianas percutâneas (ICP) rotineiras. Métodos: de FEV/2019 a JAN/2023, 5.061 (all-comers) pcts consecutivos submetidos a CINE e/ou ICP via dTRA foram incluídos no DISTRACTION, o primeiro registro prospectivo brasileiro a avaliar o dTRA como via padrão para CINE e ICP. Resultados: As tabelas (figura) expõem as características destes 5.061 pcts e dos procedimentos executados. A média de idade da amostra foi 63,4±14.3 anos, com maioria de gênero masculino (64,9%) e hipertensão arterial sistêmica (77%). Síndromes coronarianas agudas prevaleceram (54%), 35,8% tiveram síndromes coronarianas crônicas e 140 (2,8%) pcts se apresentaram ao cath lab em status de choque cardiogênico. A AR distal foi puncionada com êxito em todos os 5.061 pcts. Houve apenas 2,2% de “access site crossovers”, sendo, em sua maioria, para o dTRA contralateral ou para o pTRA ipsilateral. Logrou-se inserção bem-sucedida do sheath via dTRA em 98,1% dos pcts, mormente (80,7%) via dTRA direito, com sheaths 6Fr (98,4%) e hemostasia com o TR band® (98,2%). Repetição de dTRA ipsilateral (redo dTRA) se deu em 11,7% dos pcts; dTRA esquerdo foi usado em 7% e dTRA bilateral simultâneo, em 0,6% dos pcts. Em 60,7% dos pacientes, procedeu-se a ICP (eletivas, primárias, de resgate ou ad hoc), sendo a artéria descendente anterior o território-alvo mais prevalente (29,32%) e ICP de oclusões totais crônicas em 127 (2,5%) pcts. Não houve qualquer documentação de oclusão de AR (distal e proximal) à alta hospitalar. Caso isolado de pseudoaneurisma pós-dTRA direito foi resolvido com compressão prolongada, guiada por USG Doppler, com o TR band®. Não ocorreram eventos adversos cardíacos ou cerebrovasculares, bem como outras complicações maiores relacionadas à via de acesso. Conclusões: O uso rotineiro, por operadores experientes, do dTRA como padrão para CINE e/ou ICP em pcts de mundo real parece ser exequível e seguro, configurando-se como refinamento da clássica via pTRA, no afã de se dirimirem as complicações vasculares e de se preservar a AR para uso futuro.